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ESTATAIS
Movimento iniciado com o governo Collor teve seu pico com FHC e resultou em redução de investimentos, diz IBGE
País privatizou 165 empresas entre 91 e 2002
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 1991 a 2002, foram privatizadas no Brasil 165 empresas estatais das três esferas de governo
-União, Estados e municípios
(só capitais). Restavam ainda 309
companhias cujo controle era
majoritariamente estatal em 2002,
segundo a publicação Finanças
Públicas do Brasil, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A privatização, no entanto, resultou numa redução de investimentos. Em 1997 (período a partir
do qual há dados disponíveis), as
estatais eram responsáveis por
13,10% do total investido na economia. Esse percentual caiu para
8,98% em 2002. No caso apenas
das empresas federais, a participação nos investimentos recuou
de 8,10% para 5,70%.
Segundo o IBGE, embora o processo tenha começado no governo Collor (1990 a 1992), a maior
parte das privatizações ficou concentrada a partir de meados do
primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) e no início do segundo. Nos anos de 1997, 1998 e
1999, o Estado deixou de controlar 123 estatais -ou 75% do total
de companhias vendidas.
Com a vitória do PT nas eleições
de 2002, o processo foi praticamente estancado, embora não
fosse mesmo possível manter o
ritmo de anos anteriores já que
não haviam tantas empresas
"atraentes" a serem vendidas.
Sob o governo Lula, apenas o
BEM (Banco do Estado do Maranhão), que havia sido federalizado e saneado no governo FHC, foi
privatizado. O banco foi vendido
por R$ 78 milhões ao Bradesco
em janeiro deste ano.
De acordo com Carlos Sobral,
gerente do IBGE responsável pela
publicação, houve um "emagrecimento do setor público", que se
traduziu num menor nível de investimentos do Estado.
Além disso, ele destaca também
a redução dos empregos gerados
pelas estatais. De 1997 a 2002, os
gastos das estatais federais com
pagamento de pessoal caiu de
12,9% da despesa total para 3,5%.
"Além da privatização, houve
um enxugamento da máquina do
Estado e uma preocupação maior
das estatais em administrar melhor seus recursos a partir da adoção da política de geração de superávit primário", disse Sobral.
Por outro lado, em conseqüência do aumento dos juros, as companhias públicas passaram a gastar mais com empréstimos. Os
custos de intermediação financeira, que representavam 35,52% da
despesa total das firmas em 1997,
subiu para 66,53% em 2002.
Ao mesmo tempo, a maior parte da receita das estatais tem origem justamente na intermediação financeira (69,73%), já que é
grande o peso de instituições como Caixa Econômica Federal e
Banco do Brasil no seu faturamento. A receita proveniente da
venda de serviços e bens corresponde a apenas 24,38% do total,
segundo o IBGE.
De acordo com Sobral, a intermediação financeira sempre se
destaca como a principal fonte de
receitas das companhias públicas,
mas, em 2002, os altos juros impulsionaram o faturamento das
estatais do setor financeiro, que
ganharam mais com concessão
de empréstimos e aplicações em
títulos públicos.
Segundo o levantamento do IBGE, a maior parte da receita das
estatais brasileiras vem das companhias federais -91,87% do total. O motivo é simples: o porte
das firmas controladas pela
União, que é acionista majoritária
em gigantes como Petrobras, Eletrobrás e bancos federais. Em
1997, a realidade era um pouco diferente: o peso das federais no faturamento das empresas públicas
era menor -67,5%.
Subsídios
Prática comum no passado, a
concessão de subsídios às empresas públicas praticamente acabou, segundo o IBGE. A exceção
são as companhias do ramo de
transporte, que, na maior parte
das vezes, é controlada por Estados ou municípios -13,72% da
receita dessas empresas provêm
de subsídios, enquanto a média é
de somente 0,27%.
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