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FIM ANUNCIADO
Assim como fez com o FMI, governo pretende pagar saldo de US$ 2,5 bilhões com credores antes do prazo
Brasil quer antecipar saída do Clube de Paris
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer antecipar para
2006 a liqüidação de sua dívida
com o chamado Clube de Paris,
grupo de credores que, nos anos
80, renegociou uma parte dos
compromissos externos do Brasil.
A decisão foi anunciada pelo
ministro Antonio Palocci (Fazenda) durante a reunião ministerial
conduzida anteontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda não foi definida uma data
em que essa antecipação será feita. Segundo documento divulgado pelo Palácio do Planalto com
os principais assuntos abordados
na reunião ministerial, "o ministro [Palocci] anunciou que as
obrigações do país com o Clube
de Paris serão quitadas em 2006".
A medida atinge uma dívida de
US$ 2,575 bilhões que o Brasil tem
com o Clube de Paris e que terminaria de ser paga em 2007. Ao antecipar o pagamento para o ano
que vem, o governo dá mais um
passo para melhorar o perfil de
seu endividamento externo.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda já havia informado
que decidira antecipar o pagamento de toda a dívida do país
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) -algo em torno de
US$ 15,5 bilhões. Na reunião ministerial de anteontem, a medida
foi citada por Palocci como um
dos pontos positivos alcançados
pelo governo na área econômica.
Peso simbólico
A quitação antecipada da dívida
com o FMI representará uma economia de cerca de US$ 900 milhões que seriam pagos em juros
entre 2006 e 2008. Mais importante do que isso, porém, é o peso
simbólico que a decisão pode ter,
já que o governo poderá entrar
em 2006, ano de eleição, com o
discurso de que o país já não deve
mais nada ao Fundo.
No caso do Clube de Paris, o significado da antecipação é ainda
mais simbólico, pois, economicamente, o Brasil já deve pouco a esses credores. Os US$ 2,575 bilhões
que o país deve a esse grupo representam pouco mais de 2% da
dívida externa do setor público,
que em setembro estava em US$
111,580 bilhões.
Além disso, o cronograma original de pagamentos já previa que
a dívida com o Clube de Paris seria quitada em menos de dois
anos -com pagamentos de US$
1,704 bilhão em 2006 e de US$ 250
milhões em 2007, além de US$ 621
milhões ainda neste ano.
Apesar do valor relativamente
baixo desses compromissos, a sua
quitação ajuda o Brasil a se livrar
de resquícios da época da moratória da dívida externa. Alguns
analistas dizem que o calote dado
pelo país nos anos 80 é motivo, até
hoje, de desconfiança dos investidores internacionais.
O argumento é discutível, já que
muitos países declararam moratória há poucos anos e hoje já têm
acesso aos mercados internacionais -a Rússia, por exemplo, deu
um calote em 1998, e, hoje, as
agências de classificação de risco
já dão ao país uma nota melhor
que a concedida ao Brasil.
Ainda assim, o fato é que, até
hoje, o Brasil está pagando dívidas que começaram a ser renegociadas há mais de 20 anos. É o caso, por exemplo, dos "bradies", títulos emitidos pelo país em 1994 depois de vários anos de negociações com os credores.
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