São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

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OPERAÇÃO CREPÚSCULO

Ação prende 8 suspeitos de contrabando e crimes de lavagem de dinheiro; mais 20 são intimados a depor

PF afirma ter desmontado quadrilha de Law

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem em São Paulo oito integrantes da quadrilha comandada pelo chinês Law Kin Chong, apontado como o principal contrabandista do Brasil, e informa ter desmontando o maior esquema de pirataria e contrabando do país.
Os presos são acusados de crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Entre eles, estão três advogados, um contador e um despachante aduaneiro que trabalhavam com o empresário chinês, acusados de montar empresas "laranjas" para facilitar a importação e a venda de produtos irregulares. Os nomes não foram divulgados pela Polícia Federal.
Foram presos ainda dois sócios de Chong -conhecidos como Fernando chinês e Hermes-, considerados os maiores contrabandistas de CDs e jogos para videogames da América Latina.
"Law era o responsável em guardar os CDs virgens, que, mais tarde, teriam como destino a falsificação. Essa atividade era comandada pelos dois sócios", disse o delegado Protógenes Queiroz, que coordenou a operação da PF.
Até a noite de ontem, cerca de 70 policiais federais ainda procuravam outras oito pessoas acusadas de integrar o esquema. Outras 20 foram intimadas a prestar depoimento à Justiça Federal.
No sábado, foi presa, em Bauru, Miriam Law, mulher do chinês. Ambos tiveram a prisão preventiva decretada pela 2ª Vara da Justiça Federal acusados de crimes de lavagem de dinheiro, contrabando, evasão de divisas e sonegação fiscal. Thomaz Law, 26, filho mais velho do casal, que foi identificado como um dos principais "laranjas" da quadrilha, teve sua prisão temporária decretada, mas não foi localizado pelos policiais. "Já encontramos duas fazendas em Mato Grosso em nome de Thomaz. Ele emprestava seu nome para a organização criminosa lavar dinheiro. A mãe dele [Miriam] disse que ele vai se entregar no dia 22. Acreditamos que ele está fora do país", disse o delegado William Marinho.
A Folha apurou que o empresário pode ser transferido ainda nesta semana de Bauru para a sede da PF em São Paulo. Ele foi preso após ser condenado em junho a quatro anos de prisão por corrupção ativa -foi acusado de tentar corromper o deputado Luiz Antônio Medeiros, que presidia a CPI da Pirataria.
"Além das prisões, a Justiça determinou o seqüestro de três shoppings que pertencem a Law e o bloqueio de contas corrente do empresário", disse Marinho. Cinco carros (BMW, Mercedes-Benz, Santana e dois veículos blindados, um Astra e uma Blazer) do empresário foram apreendidos.
"Não há como mensurar o quanto a quadrilha movimentou no país. Só em um depósito do Brás encontramos R$ 112 milhões em mercadorias em novembro do ano passado", disse Marinho.
A PF deve destruir em janeiro os produtos irregulares apreendidos durante quatro operações realizadas nos últimos dois anos para desmontar a quadrilha.
"São 5.000 metros quadrados de mercadoria apreendida. Já entramos para o "Guiness Book" por termos feito a maior apreensão da história", disse o delegado Queiroz. Os advogados de Chong não foram localizados ontem.


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