|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LEITE DERRAMADO
Empresa atuou em setores como futebol, imóveis e veterinário; teia começou em 1989, com a Carital Brasil
Parmalat fez labirinto societário no Brasil
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat construiu um labirinto societário em suas operações brasileiras que deságua na
Carital Brasil e nos negócios milionários do futebol -uma das
marcas da atuação do grupo no
país.
Segundo depoimento de um
dos contadores da empresa na
Itália, Gianfranco Bocchi, por essa
empresa teria escoado boa parte
dos 10 bilhões desviados da matriz italiana pelo seu controlador,
Calisto Tanzi.
Os elos entre a Carital e as demais empresas do grupo estão registrados na Junta Comercial de
São Paulo. A arquitetura dos negócios da Parmalat guarda semelhanças com a de outra empresa
italiana -também sob intervenção na Itália e em crise no Brasil.
Trata-se da Tecnosistemi, fornecedora da TIM.
A conclusão é do juiz Carlos
Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível de São Paulo, em cujas mãos
estão os dois casos. "A correlação
entre os dois grupos está no fato
de que diretores e presidentes saíram de empresas e criaram outras, montando uma estrutura intrincada", diz Abrão.
Na teia montada pela Parmalat,
a Carital Brasil surge em 1989, como resultado da cisão da holding
Parmalat Participações, uma das
controladoras das operações locais.
Na Junta Comercial consta como atual sócio da Carital Brasil a
Carital Foods, com sede em Curaçao, Antilhas Holandesas. A empresa já teve como sócio outra
companhia com sede em paraíso
fiscal, a Dancet Corporation, das
Ilhas Virgens.
A Carital Brasil funcionava como uma holding dos negócios
com clubes de futebol, mas também dedicava-se à administração
e locação de imóveis e comercializava produtos veterinários.
Seu braço operacional nos estádios, a Carital Prosport, constituída em 1998, teve como sócio -e
presidente- até o ano 2000 o
executivo Gianni Grisendi.
Grisendi comandou a Parmalat
no Brasil entre 1989 e 2000 e também presidiu a TIM e a Bombril.
O executivo foi citado no processo de falência da Tecnosistemi,
decretada pelo juiz Abrão, mas
suspenso pelo Tribunal de Justiça.
Na rede
Na Carital Prosport revezaram-se como sócios, além de Grisendi,
a Parmalat Participações do Brasil, a Parmalat Administração S/A
e a Zircônia Participações - todas ligadas ao grupo italiano.
Também eram sócios da Carital
Prosport os empresários Francisco Estêvão Mungioli e Carlos Alberto Padeti. Ambos também
aparecem como sócios da Zircônia e da Carital Brasil -controladora da empresa.
Em 1992, a Parmalat Indústria e
Comércio de Laticínios Ltda.-
antiga denominação social da Zircônia Participações- firmou um
contrato de co-gestão com Palmeiras e o Juventude (RS). Ela
chegou a ter R$ 110,6 milhões em
ativos no clube -a maior parte
em passes de jogadores.
Outro negócio do grupo na área
esportiva foi a compra do Etti
Jundiaí Futebol - atual Paulista
Futebol Clube, em 1998. A aquisição foi feita pela Carital Prosport e
a Parmalat Participações do Brasil, que é representada pelo executivo Carlos Souza Monteiro.
Mas em 2001 a Parmalat Participações se retira e a Carital Prosport distribui suas cotas à Carital
Brasil e à Santal Prosport. Todas
pertencem ao grupo Parmalat.
Em 2000, quando o grupo Parmalat se retirou do Palmeiras,
transferiu para o Paulista Futebol
Clube R$ 44,7 milhões, o saldo do
seu patrimônio no clube do Parque Antarctica. Em 2002 ocorre a
cisão da sociedade, e parte do patrimônio do clube é transferido
para a Carital Prosport.
Texto Anterior: Luís Nassif: Um imenso Paraguai Próximo Texto: Investigação é discutida por ministro e PF Índice
|