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CRISE NOS MERCADOS/ EFEITOS
Empresários temem BC mais conservador nos juros
Temor é que reflexos da crise americana provoque alta na Selic e afete o crescimento
Segundo o Iedi, turbulência mundial afeta empresas que tinham planos de expandir seus negócios por meio do mercado de ações
Andy Wong/Associated Press
![](../images/b2201200801.jpg) | Mina de carvão na China; crise afeta valor das commodities |
DA REPORTAGEM LOCAL
O temor de uma recessão na
economia americana -ontem
as Bolsas tiveram dia de queda
no mundo todo- pode fazer
com que o país cresça menos do
que o esperado neste ano, na
avaliação de empresários. Eles
afirmam também que a crise
nos mercados pode levar o Banco Central a ser mais conservador na definição da taxa de juros básica da economia, a Selic.
Embora tenha dito que a crise americana ainda não atingiu
a indústria brasileira, o presidente da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo), Paulo Skaf, ponderou
ontem que as conseqüências
para a economia brasileira são
imprevisíveis. Para ele, não há
razões domésticas para o Brasil
crescer menos que 5% ao ano,
mas, com a atual conjuntura
econômica mundial, o crescimento pode ser menor.
"Nossa visão aqui dentro é ficarmos antenados [à crise americana], mas sem sofrer por antecipação, pois isso pode criar
uma crise com fantasma inexistente", disse Skaf durante evento da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.
Para Julio Gomes de Almeida, consultor econômico do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial), a
queda nas Bolsas afeta de imediato as empresas que tinham
planos de expandir seus negócios por meio do mercado de
ações. "Isso pode resultar em
adiamento de expansões, o que
não é bom. Agora, falando do
impacto na economia em geral,
ainda é pouco relevante."
A Abia (Associação Brasileira
das Indústrias da Alimentação)
afirma que é cedo para fazer
prognósticos, mas diz acreditar
que, como os preços dos alimentos estão em alta, o setor
não deve ser prejudicado.
Paulo Godoy, da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base),
diz que a oscilação das Bolsas
pelo mundo ainda não permite
tomar decisões. "Na infra-estrutura, os investimentos são
decididos olhando-se 30 anos à
frente, e não 30 dias". Apesar
disso, afirmou, as empresas estão atentas à turbulência.
O economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira
dos Bancos), Nicolas Tingas,
afirmou que até agora se viu
apenas um "esboço" do pacote
fiscal anunciado pelo governo
dos EUA na sexta-feira, que foi
mal recebido pelo mercado.
"Os mercados sempre extrapolam o pessimismo e o otimismo. O ajuste de preços de ativos
pode durar mais dois, três meses no máximo", declarou.
Segundo a Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), uma recessão
dos EUA pode influenciar a
percepção do Banco Central
brasileiro sobre o risco de inflação. Para a federação, a crise
norte-americana seria um ingrediente a mais para inibir a
trajetória de queda da Selic.
"O Banco Central vai precisar manter taxas de juros que
entenda adequadas para o ingresso de capital e isso significa
manter taxas de juros altas",
diz Altamiro Carvalho, assessor
econômico da Fecomercio.
A entidade sindical prevê
que, com uma eventual recessão nos EUA, o PIB brasileiro
dificilmente cresça em torno de
5% neste ano e que o avanço do
varejo no Brasil deve ser menor
do que o registrado no ano passado. Em 2008, a Fecomercio
estima crescimento de 3% no
setor, contra o aumento de
4,5% verificado em 2007.
Para Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), é cedo
para falar sobre o impacto da
queda das Bolsas e de crise nos
Estados Unidos no comércio
brasileiro. "Até agora, as vendas estão mantendo ritmo de
crescimento do ano passado e
os últimos indicadores mostram que o consumidor está
confiante. Porém, a partir de
amanhã, com a decisão do Copom sobre a taxa de juros de
economia, situação pode mudar, ou não", diz. "Confesso que
não gostei da frase do Henrique
Meirelles dizendo que o governo está preparado para agir
preventivamente para resolver
impacto no país com crise nas
Bolsas e nos Estados Unidos. É
uma frase estranha, que comporta qualquer tipo de ação, até
uma elevação dos juros", diz.
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