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Queda do "spread" não deve acompanhar ritmo da Selic
Banqueiros, que se reunirão com Lula, falarão em queda gradual no custo do crédito
Setor está preocupado em não virar "vilão" da crise nem declarar guerra ao BC, que diz que problema não é a Selic, mas taxas bancárias
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A redução anunciada pelos
bancos oficiais na taxa cobrada
dos clientes não deverá ser
acompanhada de uma queda na
mesma velocidade dos
"spreads" (quanto os bancos
cobram além do custo de captação para repassar o dinheiro
aos clientes).
Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje pela manhã, os presidentes
dos principais bancos oficiais
de varejo do país irão se contrapor ao discurso feito nesta semana pelo presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
de que o problema do mercado
de crédito está nos "spreads", e
não na taxa Selic fixada pelo
Copom (Comitê de Política
Monetária do Banco Central).
Segundo a Folha publicou na
edição de ontem, Meirelles teve uma reunião reservada com
o presidente e tratou sobre juros, focando na questão dos
"spreads". Hoje, no encontro
agendado com Lula, os banqueiros oficiais irão apresentar
números para afirmar que, em
primeiro lugar, os "spreads" já
começaram a cair em relação
ao pico de setembro e outubro
de 2008, auge da crise.
Segundo, defenderão que a
tendência é de queda gradual
após a redução da taxa Selic.
Argumenta-se que as mudanças nos "spreads" serão compatíveis com a evolução do nível
de emprego, que tem reflexo
direto no consumo e pode aumentar a inadimplência.
Para os banqueiros oficiais,
juros finais são uma coisa,
"spreads", outra, e, sobretudo
nessa crise, não devem ser tratados no mesmo bolo. O Banco
do Brasil mostrará que fez quatro quedas nas taxas de vários
produtos desde o final de novembro de 2008, logo após o
pico da crise de setembro. A
Caixa Econômica Federal enfatizará que fez três reduções.
Ambos afirmam que também
houve queda no "spread" e que
comprovarão isso na reunião.
Apesar de não ter sido convidado inicialmente, o presidente do Banco Central pediu para
participar do encontro dos executivos das instituições públicas com Lula e deverá comparecer também.
Ontem, o tema "spread" bancário tomou conta de boa parte
da reunião de diretoria da Febraban (Federação Brasileira
dos Bancos). O setor privado
também não gostou da atitude
de Meirelles de empurrar o
problema para os bancos e já se
prepara para uma "queda-de-braço velada" e para tentar negociar uma trégua com o BC.
Segundo a Folha apurou, o
presidente da federação, Fábio
Barbosa, tido como conciliador, foi escalado para conversar diretamente com Meirelles
e mostrar uma metodologia de
cálculo do "spread" que a área
técnica da entidade desenvolveu e que difere da do BC.
Os banqueiros argumentam
que o modelo usado pelo BC
não é o mais correto porque dá
peso maior às operações de
curto prazo, que foram mais
afetadas pela crise.
Os bancos, segundo relataram à Folha participantes do
encontro na Febraban, não
querem ser agora vistos como
vilões da crise. Especialmente
porque, no mês que vem, começarão a divulgar os lucros
registrados em 2008.
Colaborou KENNEDY ALENCAR,
da Sucursal de Brasília
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