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BNDES lucra pouco com empréstimos
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) lucrou apenas cerca de R$
70 milhões em 2004 com suas
operações de empréstimos, um
resultado pífio em relação aos R$
160 bilhões de seus ativos e aos R$
40 bilhões liberados pelo banco
em financiamentos.
O lucro total no balanço do banco, no entanto, deverá ser muito
maior, mas nele estará incluída a
valorização das ações da carteira
da BNDESpar (BNDES Participações), o braço do banco para o
mercado de capitais. As empresas
registraram recorde de valorização de ações em 2004.
De acordo com o que a Folha
apurou, o lucro total do banco no
ano passado, incluindo o resultado da chamada equivalência patrimonial das ações da BNDESpar, deverá ficar próximo de R$ 2
bilhões, quase o dobro do recorde
de R$ 1 bilhão registrado em 2003.
O resultado do BNDES em 2004
foi afetado pela perda de R$ 280
milhões com as operações de repasses de empréstimos do Banco
Santos, que foram lançadas no
balanço do banco estatal como
provisão para credores duvidosos. O banco de Edemar Cid Ferreira, sob intervenção do Banco
Central, foi um dos maiores agentes de repasse de empréstimos do
BNDES nos últimos cinco anos.
Sem o resultado da BNDESpar e
se fossem incluídas as perdas do
Banco Santos, o balanço do
BNDES teria fechado com prejuízo. Em 2003, o que também salvou o BNDES do prejuízo foi o
acordo conseguido nos últimos
dias do ano com a AES. Caso contrário, o balanço do banco teria fechado no vermelho em 2003.
Ducha de água fria
Os números do BNDES foram
apresentados por Guido Mantega, presidente do banco, durante
a reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial), realizado em Brasília, na
quinta-feira passada.
O objetivo de Mantega, ao apresentar esses números, foi o de atenuar a pressão dos empresários
para o BNDES reduzir os
"spreads" (diferença entre a taxa
de captação e a cobrada na ponta
pelos bancos) cobrados em seus
empréstimos. O lucro do BNDES
em suas operações é pífio porque,
segundo Mantega, os "spreads"
são baixos. O presidente do
BNDES deixou claro que será
muito difícil o banco conseguir
baixar o "spread".
O lucro operacional do BNDES
é historicamente baixo. Em 2003,
por exemplo, ficou em cerca de
R$ 100 milhões, para um total de
R$ 33 bilhões em liberações. O
banco fez essas contas para mostrar aos empresários as dificuldades para baixar o "spread".
A redução do "spread" nos empréstimos cobrados pelo BNDES
foi uma proposta apresentada no
ano passado pelo presidente da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), depois encampada
por outros empresários.
A reunião de quinta-feira contou com a participação de pesos-pesados como Jorge Gerdau (Gerdau), Eugênio Staub (Gradiente),
Josué Gomes da Silva (Coteminas) e Paulo Godoy (Abdib).
Mantega disse que o BNDES
constituiu um grupo de trabalho
para ver se havia condições de
promover redução dos "spreads".
Os estudos não foram interrompidos, apesar dos resultados do
ano passado. Os empresários não
saíram muito esperançosos.
De acordo com a exposição de
Mantega, o "spread" médio cobrado pelo BNDES é de 2,5%
-varia de 1% a 4,5%, dependendo do empréstimo. O "spread"
cobre as despesas do banco e mais
os impostos (25% de Imposto de
Renda sobre o lucro e 9% de contribuição sobre o lucro líquido).
Na reunião do CNDI, Mantega
fez ainda uma comparação com
os resultados do Bird (Banco
Mundial) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O lucro dessas duas instituições
corresponde a 5% do patrimônio.
O resultado do BNDES é inferior.
Mantega chamou a atenção para o fato de que o Bird e o BID são
isentos de impostos -são bancos de desenvolvimento. Alguns
dos empresários na reunião logo
propuseram a idéia de o governo
isentar o BNDES de impostos.
Também presente à reunião, o
ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, não se manifestou.
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