São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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CRISE NO AR

Norma de 1997 prevê possibilidade de acerto entre empresas e União; Vasp e Varig propõem encontro de contas

Decreto permite acordo entre governo e aéreas

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um decreto de 1997 permite ao ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, autorizar a realização de um acordo entre governo, Varig, Vasp e TAM em relação às ações ajuizadas por essas companhias aéreas contra a União por prejuízos com o congelamento de tarifas no período de 1985 a 1992.
De acordo com texto conjunto enviado ontem pelas três empresas ao presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, o decreto 2.346, que regulamenta a lei 9.469, permite a realização de acordos pela União para valores superiores a R$ 50 mil, desde que haja "a prévia e expressa autorização do ministro de Estado ou do titular da Secretaria da Presidência da República a cuja área de competência estiver o assunto". O assunto companhias aéreas é de competência da pasta de Alencar.
A legislação tradicionalmente determina que a União é obrigada a recorrer automaticamente de ações como essas.
Com base nessa possibilidade, Varig e Vasp propõem no texto um encontro de contas entre o que ambas têm a receber da União em indenizações -o texto estima em cerca de R$ 5 bilhões- e suas dívidas com a Receita Federal, o INSS e estatais como BR Distribuidora e a Infraero (que administra os principais aeroportos).
A solicitação é que as indenizações sejam pagas em títulos do Tesouro Nacional, que poderiam ser utilizados para amortização de dívidas tributárias.
Tais argumentos devem ser apresentados por Vidigal, que vai se reunir novamente com as companhias aéreas, a Alencar e ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Além disso, Vidigal deve conversar sobre o caso com o presidente Lula. Será uma corrida contra o tempo, pois o texto foi enviado a Vidigal pelas empresas ontem, mesmo dia da publicação do acórdão da decisão do STJ, que dá à Varig o direito de ser indenizada pelo congelamento tarifário.
Em entrevista a Folha no início do mês, Vidigal já havia se manifestado favorável ao acordo entre as empresas aéreas e o governo.
A AGU tem prazo de 10 a 30 dias para recorrer. O encontro de contas é uma das principais possibilidades pensadas para a reestruturação da Varig, que tem uma dívida de cerca de R$ 7 bilhões.


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