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Dólar recua ao menor nível desde 1999 e já beira R$ 1,70
Moeda fecha cotada a R$ 1,712 e acumula desvalorização de 3,66% neste ano
Bovespa chega a superar os 64 mil pontos e zerar
as perdas anuais, mas perde ímpeto em razão da
queda nas Bolsas dos EUA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu mais baixo valor em
quase nove anos, o dólar se
aproxima cada vez mais do piso
de R$ 1,70. Mesmo com o enfraquecimento da Bolsa de Valores na tarde de ontem, o dólar
não alterou sua rota e encerrou
vendido a R$ 1,712, com depreciação de 0,75%. A cotação da
moeda ontem foi a mais baixa
desde maio de 1999. Na mínima
do dia, o dólar chegou a ser cotado a R$ 1,702.
A Bovespa, durante o pregão,
superou os 64 mil pontos, o que
não ocorria desde dezembro.
Mas, influenciada pelo desempenho ruim do mercado acionário americano, acabou por
encerrar o pregão a 63.792 pontos, com leve alta de 0,07%.
Na manutenção do mercado
de câmbio brasileiro em rota
positiva, favoreceu a notícia de
que o país conseguiu "zerar"
sua dívida externa. Essa informação -mais um indicador da
queda da vulnerabilidade do
país- ajudou a esquentar a expectativa em relação ao Brasil
ser elevado, em breve, ao esperado "grau de investimento".
"Achávamos que, quando o
dólar alcançasse esse nível, perto de R$ 1,70, acabasse por
atrair compradores. Mas isso
não aconteceu. O que tem ficado claro é que não há fundo para a cotação do dólar", afirma
Mário Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora. "Como
as compras do BC no mercado
não têm surtido efeito no câmbio e nada indica que haverá alteração nas intervenções oficiais, a tendência de queda para
o dólar se mantém."
Um dos fatores que ajudam a
explicar o recuo da moeda americana, que acumula queda de
3,66% diante do real neste ano
-em 2007, a desvalorização foi
de 16,85%-, é o forte fluxo
cambial para o país.
No ano passado, o país recebeu US$ 87,454 bilhões líquidos do exterior, grande parte
dessa cifra decorrente da balança comercial. Nas primeiras
duas semanas deste mês, o fluxo ficou positivo em US$ 1,048
bilhão.
Como o Brasil é um dos países com mais alta taxa real de
juros (descontada a inflação)
do mundo -em um cenário de
queda de juros nos EUA-,
mantém seu potencial para
atrair capital externo especulativo. E a continuidade da entrada de dólares no país apenas favorece o cenário de apreciação
do real.
"É o preço do sucesso. A moeda se valoriza porque as pessoas e os investidores têm confiança no Brasil. Acham que vão
entrar mais recursos no Brasil e
que o "investment grade" está
mais próximo. Isso atrai investimentos no presente e no futuro. Depois, seremos alvo dos investimentos de grandes fundos
de investimento e pensão que
só podem investir em países
que são "investment grade". O
mercado já está "precificando"
essa entrada", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda),
no Rio de Janeiro.
Mercado acionário
A Bovespa, em seu melhor
momento de ontem, registrou
valorização de 1,39% (aos
64.631 pontos), resultado que a
tirava do vermelho no acumulado do ano. Mas, como perdeu
fôlego, ainda está com baixa
anual de 0,15%.
Nos EUA, o desempenho das
Bolsas foi bem pior. O índice
Dow Jones, o mais relevante da
Bolsa de Nova York, caiu 1,15%.
A Nasdaq recuou 1,17%.
Novos dados econômicos
norte-americanos desagradaram aos investidores, ao reacenderem os temores de uma
recessão. O relatório de reservas de petróleo, que demonstrou um estoque mais elevado
que o esperado, foi recebido como um sinal de que a demanda
está fraca -mais um reflexo da
desaceleração econômica.
Também desagradou o índice dos indicadores antecedentes dos EUA, que sinalizam o
futuro da economia no curto
prazo. O indicador apresentou
novo recuo. Para completar o
cenário pessimista, houve a divulgação do índice de atividade
industrial medido pelo Fed
(banco central dos EUA) regional da Filadélfia, que ficou pior
que as estimativas.
Colaborou a Sucursal do Rio
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