São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

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Dólar recua ao menor nível desde 1999 e já beira R$ 1,70

Moeda fecha cotada a R$ 1,712 e acumula desvalorização de 3,66% neste ano

Bovespa chega a superar os 64 mil pontos e zerar as perdas anuais, mas perde ímpeto em razão da queda nas Bolsas dos EUA

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu mais baixo valor em quase nove anos, o dólar se aproxima cada vez mais do piso de R$ 1,70. Mesmo com o enfraquecimento da Bolsa de Valores na tarde de ontem, o dólar não alterou sua rota e encerrou vendido a R$ 1,712, com depreciação de 0,75%. A cotação da moeda ontem foi a mais baixa desde maio de 1999. Na mínima do dia, o dólar chegou a ser cotado a R$ 1,702.
A Bovespa, durante o pregão, superou os 64 mil pontos, o que não ocorria desde dezembro. Mas, influenciada pelo desempenho ruim do mercado acionário americano, acabou por encerrar o pregão a 63.792 pontos, com leve alta de 0,07%.
Na manutenção do mercado de câmbio brasileiro em rota positiva, favoreceu a notícia de que o país conseguiu "zerar" sua dívida externa. Essa informação -mais um indicador da queda da vulnerabilidade do país- ajudou a esquentar a expectativa em relação ao Brasil ser elevado, em breve, ao esperado "grau de investimento".
"Achávamos que, quando o dólar alcançasse esse nível, perto de R$ 1,70, acabasse por atrair compradores. Mas isso não aconteceu. O que tem ficado claro é que não há fundo para a cotação do dólar", afirma Mário Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora. "Como as compras do BC no mercado não têm surtido efeito no câmbio e nada indica que haverá alteração nas intervenções oficiais, a tendência de queda para o dólar se mantém."
Um dos fatores que ajudam a explicar o recuo da moeda americana, que acumula queda de 3,66% diante do real neste ano -em 2007, a desvalorização foi de 16,85%-, é o forte fluxo cambial para o país.
No ano passado, o país recebeu US$ 87,454 bilhões líquidos do exterior, grande parte dessa cifra decorrente da balança comercial. Nas primeiras duas semanas deste mês, o fluxo ficou positivo em US$ 1,048 bilhão.
Como o Brasil é um dos países com mais alta taxa real de juros (descontada a inflação) do mundo -em um cenário de queda de juros nos EUA-, mantém seu potencial para atrair capital externo especulativo. E a continuidade da entrada de dólares no país apenas favorece o cenário de apreciação do real.
"É o preço do sucesso. A moeda se valoriza porque as pessoas e os investidores têm confiança no Brasil. Acham que vão entrar mais recursos no Brasil e que o "investment grade" está mais próximo. Isso atrai investimentos no presente e no futuro. Depois, seremos alvo dos investimentos de grandes fundos de investimento e pensão que só podem investir em países que são "investment grade". O mercado já está "precificando" essa entrada", afirmou o ministro Guido Mantega (Fazenda), no Rio de Janeiro.

Mercado acionário
A Bovespa, em seu melhor momento de ontem, registrou valorização de 1,39% (aos 64.631 pontos), resultado que a tirava do vermelho no acumulado do ano. Mas, como perdeu fôlego, ainda está com baixa anual de 0,15%.
Nos EUA, o desempenho das Bolsas foi bem pior. O índice Dow Jones, o mais relevante da Bolsa de Nova York, caiu 1,15%. A Nasdaq recuou 1,17%.
Novos dados econômicos norte-americanos desagradaram aos investidores, ao reacenderem os temores de uma recessão. O relatório de reservas de petróleo, que demonstrou um estoque mais elevado que o esperado, foi recebido como um sinal de que a demanda está fraca -mais um reflexo da desaceleração econômica.
Também desagradou o índice dos indicadores antecedentes dos EUA, que sinalizam o futuro da economia no curto prazo. O indicador apresentou novo recuo. Para completar o cenário pessimista, houve a divulgação do índice de atividade industrial medido pelo Fed (banco central dos EUA) regional da Filadélfia, que ficou pior que as estimativas.


Colaborou a Sucursal do Rio


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