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Guerra longa muda acordo com o FMI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo avalia que já tomou
as providências necessárias para
proteger a economia brasileira
dos efeitos da guerra no Iraque,
considerando a hipótese de um
desfecho rápido para o conflito.
No caso de uma guerra longa, as
opções mais extremas incluem
mudanças no acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Até agora, o cenário dado como
mais provável ainda é o primeiro.
Na avaliação da equipe econômica, uma guerra rápida pode trazer
alguma turbulência ao mercado,
mas não a ponto de significar um
choque como o do ano passado
-quando cessou o crédito ao
país e o dólar disparou.
Temores
O governo não gosta de falar dos
cenários mais pessimistas, para
não alimentar temores e especulação no mercado. Mas, no Ministério da Fazenda e no Banco Central, diz-se que o país tem como
responder a uma situação de escassez de capital externo e seu impacto inflacionário.
Uma possibilidade é deixar para
2004, parcial ou totalmente, o pagamento de US$ 12,3 bilhões a ser
feito neste ano ao FMI, o que, segundo os técnicos, não encontraria maior oposição no organismo.
Dessa forma, haveria mais folga
nas contas externas.
Também é viável negociar com
o Fundo a eliminação do piso de
US$ 5 bilhões para as reservas em
dólar do BC líquidas (excluindo
recursos emprestados pelo FMI).
Com isso, o volume disponível
para intervenções no mercado
destinadas a conter a alta do dólar
subiria para US$ 14,7 bilhões, o
valor total das reservas líquidas.
No caso de alta da inflação em
razão de nova desvalorização
cambial, a receita é a de sempre:
mais juros e, se preciso, novos
cortes de gastos. Não por acaso, o
BC preventivamente sinalizou
nesta semana uma tendência de
alta das taxas.
Dívida pública
A guerra poderá afetar a trajetória de redução da dívida pública
esperada para este ano. Mas, segundo as projeções do Ministério
da Fazenda, isso seria temporário.
Em 2004, em todos os cenários
feitos pelos técnicos, o montante
da dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) será reduzido.
O secretário de Assuntos Internacionais do ministério, Otaviano
Canuto, explicou que foram construídos três cenários: básico, otimista e pessimista. Em todos foi
levada em conta a manutenção do
superávit primário (receitas
maiores que despesas, exceto juros) atual de 4,25% do PIB.
As duas outras hipóteses do cenário básico são uma taxa de juros real (acima da inflação) de 8%
ao ano e o preço do dólar de R$
3,50. A mudança nessas variáveis
é o que define os tipos de cenários.
Hoje, a dívida pública está em
quase 56% do PIB. No pior cenário, ela poderia atingir 58,5% do
PIB em meados deste ano, mas,
em 2004, a expectativa é de redução. O cenário básico projeta
53,9% para o ano que vem.
"O importante é saber que nós
temos condições de garantir a
sustentabilidade da dívida", afirmou Canuto.
Ele disse que, apesar de a equipe
econômica acreditar que a guerra
vá durar pouco, de dois a três meses no máximo, causou preocupação uma recente declaração do
presidente dos Estados Unidos,
George W. Bush, de que o conflito
pode durar mais do que o esperado.
O governo ainda pode sacar cerca de US$ 20 bilhões do FMI neste
ano e mais US$ 700 milhões do
Bird (Banco Mundial). Neste ano,
já entraram US$ 4,1 bilhões do
FMI e nos próximos dias entrarão
US$ 505 milhões do Bird.
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