São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2005

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INTEGRAÇÃO

Sul-americanos pretendem compensar assimetrias

Mercosul quer condições especiais para retomar negociação com a UE

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Mercosul quer garantir que a União Européia (UE) ofereça condições especiais aos quatro países do bloco, composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, para retomar as negociações comerciais com os europeus.
De acordo com o negociador-chefe da delegação brasileira, embaixador Régis Arslanian, o tratamento especial é necessário para compensar o fato de o Mercosul ser uma região menos desenvolvida do que a UE. "O tratamento especial tenta buscar compensações para diminuir as assimetrias entre as duas regiões", disse.
Os negociadores do Mercosul entregaram ontem, em Bruxelas, um documento estabelecendo os parâmetros para a retomada das negociações comerciais com os europeus. Além da garantia de que haverá condições especiais para os países mais pobres, como mais tempo para adaptação às regras ou para liberalizar determinados produtos, os negociadores do Mercosul também querem garantias de que as condições a serem impostas pelos europeus não vão anular o acesso ao mercado europeu estabelecido pelo próprio acordo.
Um exemplo dessa "distorção", conforme os negociadores brasileiros, é a cota para as exportações de carne oferecida pela UE no fim do ano passado.
Os europeus ofereceram uma cota de 116 mil toneladas por ano ao Mercosul. Segundo a proposta, cada vez que os quatro países sul-americanos vendessem mais do que esse limite, o adicional seria descontado da cota do ano seguinte. "Considerando o ritmo de aumento das nossas exportações, sobretudo de carnes, em três anos a cota estaria totalmente ultrapassada", disse o embaixador.
Mercosul e União Européia passaram mais de cinco anos negociando um acordo de liberalização gradual do comércio com o objetivo de estabelecer uma área de livre comércio.
Em novembro do ano passado, porém, as negociações estancaram porque as ofertas de acesso a mercado, no que se refere a amplitude de produtos e prazos para liberalização, não agradou a ambas as partes.
Com a troca de comando na Comissão Européia no ano passado, as negociações ganharam um ritmo mais lento. Hoje diplomatas dos dois blocos continuam as negociações e devem marcar uma reunião de ministros para abril, em Assunção (Paraguai).
A UE oferece liberalizar o comércio para 96% da pauta comercial entre as duas regiões. O problema é que os 4% que ficarão foram incluem açúcar e carnes, dois dos produtos mais competitivos do Mercosul. No caso de carnes, os europeus ofereceram uma cota, mas o açúcar foi excluído.


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