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INTEGRAÇÃO
Sul-americanos pretendem compensar assimetrias
Mercosul quer condições especiais para retomar negociação com a UE
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Mercosul quer garantir que a
União Européia (UE) ofereça
condições especiais aos quatro
países do bloco, composto por
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, para retomar as negociações
comerciais com os europeus.
De acordo com o negociador-chefe da delegação brasileira, embaixador Régis Arslanian, o tratamento especial é necessário para
compensar o fato de o Mercosul
ser uma região menos desenvolvida do que a UE. "O tratamento especial tenta buscar compensações
para diminuir as assimetrias entre
as duas regiões", disse.
Os negociadores do Mercosul
entregaram ontem, em Bruxelas,
um documento estabelecendo os
parâmetros para a retomada das
negociações comerciais com os
europeus. Além da garantia de
que haverá condições especiais
para os países mais pobres, como
mais tempo para adaptação às regras ou para liberalizar determinados produtos, os negociadores
do Mercosul também querem garantias de que as condições a serem impostas pelos europeus não
vão anular o acesso ao mercado
europeu estabelecido pelo próprio acordo.
Um exemplo dessa "distorção",
conforme os negociadores brasileiros, é a cota para as exportações
de carne oferecida pela UE no fim
do ano passado.
Os europeus ofereceram uma
cota de 116 mil toneladas por ano
ao Mercosul. Segundo a proposta,
cada vez que os quatro países sul-americanos vendessem mais do
que esse limite, o adicional seria
descontado da cota do ano seguinte. "Considerando o ritmo de
aumento das nossas exportações,
sobretudo de carnes, em três anos
a cota estaria totalmente ultrapassada", disse o embaixador.
Mercosul e União Européia passaram mais de cinco anos negociando um acordo de liberalização gradual do comércio com o
objetivo de estabelecer uma área
de livre comércio.
Em novembro do ano passado,
porém, as negociações estancaram porque as ofertas de acesso a
mercado, no que se refere a amplitude de produtos e prazos para
liberalização, não agradou a ambas as partes.
Com a troca de comando na Comissão Européia no ano passado,
as negociações ganharam um ritmo mais lento. Hoje diplomatas
dos dois blocos continuam as negociações e devem marcar uma
reunião de ministros para abril,
em Assunção (Paraguai).
A UE oferece liberalizar o comércio para 96% da pauta comercial entre as duas regiões. O problema é que os 4% que ficarão foram incluem açúcar e carnes, dois
dos produtos mais competitivos
do Mercosul. No caso de carnes,
os europeus ofereceram uma cota, mas o açúcar foi excluído.
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