|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PECUÁRIA
Produtores prevêem queda na natalidade do gado, no peso e nas exportações
Seca afeta pecuária de corte no RS
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A estiagem que castiga o Rio
Grande do Sul há cerca de três
meses e a má qualidade das pastagens no verão -período de engorda do gado para, com reservas
de calorias, enfrentar os pastos
ruins do outono e do inverno-
pode prejudicar o futuro da pecuária de corte do Estado, com redução na natalidade, no peso do
rebanho e nas exportações.
Devem ocorrer: 1) uma quebra
na natalidade de 20% do gado bovino (cerca de 625 mil bezerros
deixarão de nascer em razão da
estiagem); 2) diminuição dos abates pelos próximos dois anos; 3)
perda de entre 10 e 15 quilos em
média no peso dos filhotes; e 4)
queda nas exportações. O Frigorífico Mercosul, um dos mais importantes do Estado (com cinco
unidades), por exemplo, já conta
com uma diminuição de 30% nas
suas vendas externas.
O presidente da comissão de pecuária de corte da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande
do Sul), Fernando Adauto, aponta vários motivos para prever um
aumento nos prejuízos -que já
chegam a R$ 678 milhões, apenas
em relação à comercialização de
curto prazo.
""Primeiro, o gado que estava
em processo de engorda não se
aprontou adequadamente. Houve, por isso, abates antecipados,
para garantir a venda. Quanto à
reprodução, a vaca não entrou no
cio. Animal sem alimento fica
com suas funções biológicas prejudicadas", afirmou.
O Rio Grande do Sul não é o primeiro criador nacional de gado
bovino. Antes, segundo Adauto,
vêm Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Goiás e Minas Gerais. Os
gaúchos têm 8% do rebanho nacional e 8% das exportações
-120 mil toneladas/ano.
O que coloca o Estado em destaque no setor é o consumo. São
produzidas cerca de 600 mil toneladas/ano de carne bovina e consumidas a mesma quantidade
-isso representa consumo de 60
quilos per capita.
""Costumamos comprar de outros Estados para compensar nossas exportações. Isso não vai aumentar porque trabalhamos com
uma estimativa de queda no consumo, em razão da queda na renda da população", diz.
Chuvas
As chuvas que atingiram o Estado nos últimos dias beneficiaram
as pastagens cultivadas e nativas,
mas não foram suficientes para
superar os prejuízos.
De acordo com a Emater, a
maior umidade no solo possibilita
o rebrote dos campos nativos e
pastagens cultivadas de verão, e
viabiliza os pastos de inverno. De
imediato, os campos reverdecem,
mas é necessário algum tempo até
que haja uma melhora significativa das condições.
Técnicos da Emater dizem que a
grande expectativa é saber se haverá tempo e condições para a recuperação dos pastos antes que as
temperaturas comecem a baixar.
Como aspecto positivo, os técnicos afirmam que o plantio das
pastagens de inverno já é possível,
especialmente a de aveia. Em cerca de 45 dias, caso a estiagem termine, será possível um pastoreio
regular.
Os pecuaristas já adotam algumas alternativas em relação à estiagem e ao pasto precário no inverno: alguns começam a aproveitar resíduos da lavoura de arroz para a formação do feno; outros vendem gado antecipadamente aos frigoríficos, para aproveitar o peso ainda alto -o prejuízo é de cerca de 30%.
Texto Anterior: Preços elevados são estímulo ao pequeno produtor Próximo Texto: Análise de mercados Índice
|