São Paulo, sábado, 22 de março de 2008

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Banco estrangeiro lucra mais no Brasil

Em contraste com a crise que vivem no exterior, instituições elevaram ganho em 160% em 2007, contra alta de 22% dos nacionais

Segmento que mais cresceu nos lucros foi o de bancos de investimento, com foco em grandes operações; UBS lidera entre estrangeiros

Douglas Engle - 9.mai.06/Bloomberg
Funcionários no UBS Pactual, no Rio, que lucrou R$ 2,665 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se o setor bancário norte-americano vive em estado de alerta por causa da recente crise financeira, os bancos estrangeiros que atuam no Brasil têm tido muitos motivos para comemorar. No ano passado, o lucro alcançado por esse grupo de 34 instituições financeiras teve um aumento de 160% em relação a 2006, chegando a R$ 13,560 bilhões.
O crescimento dos ganhos apurados pelos estrangeiros supera o dos bancos privados cujos controladores são brasileiros. Ao todo, essas 55 instituições financeiras lucraram R$ 22,228 bilhões em 2007, 22% a mais do que em 2006. Os números foram levantados pela Folha a partir dos balanços entregues pelas instituições financeiras ao Banco Central.
No ano passado, o UBS Pactual foi o estrangeiro que obteve os maiores ganhos no mercado nacional. O banco suíço -que, em 2006, comprou o brasileiro Pactual- lucrou R$ 2,665 bilhões. O resultado chama a atenção pelo seu porte. No ranking do BC, o UBS é só o 13º maior banco do país em ativos, atrás, entre outros, do holandês ABN Real e do norte-americano Citibank, que tiveram ganhos menores em 2007.
Ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos anos, os lucros que mais cresceram foram os apurados por bancos de investimento, especializados em grandes operações, como emissão de títulos no mercado internacional e lançamento de ações na Bolsa. Bancos de varejo, com foco em concessão de crédito e manutenção de contas, também conseguiram aumentar seus ganhos, mas em menor proporção.
O resultado obtido pela operação brasileira do JPMorgan aumentou 394% entre 2006 e 2007, chegando a R$ 551 milhões. No caso do Morgan Stanley, a alta foi de 408%, e os lucros, de R$ 263 milhões.
Os números contrastam com as dificuldades enfrentadas pelo setor bancário nos Estados Unidos devido ao aumento na inadimplência de financiamentos habitacionais. Num dos últimos capítulos dessa crise, o Bear Stearns, quinto maior banco de investimentos norte-americano, foi salvo da falência ao ser vendido ao JPMorgan por 7% de seu valor de mercado, medido pela cotação de suas ações na Bolsa.
Luis Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Ratings, diz que a crise nos EUA não atinge os negócios mantidos por bancos estrangeiros no Brasil e, portanto, não afeta seus resultados. "Não é uma crise mundial, é algo limitado a um determinado segmento bancário americano. Os problemas de lá não afetam diretamente as operações no Brasil."
Santacreu diz que, neste momento de maior dificuldade nas matrizes, as filiais espalhadas pelo mundo podem ajudar os bancos norte-americanos a enfrentar a crise. Dados do BC mostram que, ao longo de 2007, as remessas de lucros ao exterior feitas por instituições financeiras instaladas no país aumentaram 29%, chegando a US$ 1,808 bilhão.
Para o analista, as perspectivas para o setor bancário no Brasil são positivas, apesar da queda acumulada nos últimos meses no preço das ações de bancos na Bolsa. "Os bancos brasileiros não têm exposição à dívida imobiliária como os americanos. As ações têm sido punidas porque a Bolsa toda está caindo e, no meio do temporal, é difícil separar o que é bom e o que é ruim."


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