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Videolocadoras mudam contra a crise
Blu-ray e novos negócios viram armas contra a pirataria e a concorrência da internet, que já tomaram 60% do mercado
Entre 2006 e 2008, 4.000 lojas credenciadas foram à falência; nem vídeo pornô segurou a queda de 46% das locações de filmes no país
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem os pornôs esquentaram
os negócios das videolocadoras
no país. Nos últimos três anos,
o volume total de locações passou de 8,5 milhões de unidades
para 4,6 milhões, 46% de queda. Esses números poderiam
ser 60% maiores não fosse a pirataria. "Também seriam superiores se a internet não fosse
usada como forma de entretenimento", diz Tânia Lima, presidente da UBV (União Brasileira de Vídeo). Resultado:
4.000 locadoras fecharam as
portas nesse período. Hoje
existem 8.000 legalizadas.
Pela primeira vez, a crise chegou na Brasileirinhas, principal
distribuidora nacional de pornôs e uma das poucas que mantinham as vendas para as locadoras, com títulos estrelados
por celebridades. Em 2008, sua
queda foi de 3,5%. Na concorrência, foi superior a 50%. A frigidez desse mercado fez com
que a rede 100% Vídeo livrasse
seus franqueados da obrigação
de oferecer eróticos.
Até a Blockbuster, ícone
mundial desse segmento, enfrenta dificuldades. A rede pode entrar em concordata nos
EUA. No Brasil, foi vendida em
2007 para a Americanas, que
transformou suas 127 lojas em
Americanas Express, tendo a
Blockbuster como "extra".
Outras locadoras seguem caminho parecido, transformando as lojas em centros de convivência e conveniência. Muitas
já conseguem pagar os custos
fixos com a receita da venda de
outros produtos.
O aluguel de vídeos pela internet também se tornou uma
opção. Sites como o Pipoca
Online e o NetMovies conseguiram aumentar o lucro fazendo todo o acervo circular.
Por isso, cobram menos do que
uma locadora que só trabalha
com lançamentos.
Novas perspectivas
Essas iniciativas estão dando
resultado, mas são paliativas.
Luciano Damiani, presidente
do Sindemvideo, considera o
Blu-ray a principal arma do setor. Esses aparelhos têm uma
tecnologia que deverá impedir
a reprodução de discos piratas.
Estima-se que 93 mil discos
em Blu-ray foram vendidos em
2008 no país. Em 1998, quando
o tradicional DVD chegou ao
mercado, foram vendidos 110
mil discos. Os fabricantes de
aparelhos Blu-ray tentam derrubar o preço e popularizá-lo.
A TecToy lançou o seu por
R$ 999 e, em junho, a Sony começará a produção do PlayStation 3 na fábrica de Manaus
(AM). O console, que exibirá
games e filmes em Blu-ray, custará menos de R$ 1.000.
As distribuidoras estão avaliando outras alternativas para
as locadoras. Uma delas seria
um contrato de licenciamento
para que elas baixassem os filmes da distribuidora, armazenando-os em seu sistema. Na
hora de alugá-los, "queimariam" um DVD ou salvariam o
arquivo em pen drives. O cliente poderia também baixá-lo pelo site da locadora. "Mas, como
nem todo mundo tem internet
e a velocidade de conexão é baixa, as locadoras existirão nesse
formato atual por mais uns dez
anos", afirma Carlos Augusto,
diretor da 100% Vídeo.
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