São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003 |
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"ABUTRES" Governo tem de convencer Justiça que não deve pagar papéis da dívida externa de acordo com valor de face Juiz dos EUA manda Argentina pagar títulos
MARCELO BILLI DE BUENOS AIRES O governo argentino tem menos de 30 dias para convencer a Justiça norte-americana que não deve pagar os títulos da dívida externa do país de acordo com o valor total dos papéis. A Corte Federal de Nova York aceitou pedido de três investidores que possuem títulos do país e que exigiam que o governo os pagasse pelo seu valor de face. O governo argentino declarou o calote da dívida em janeiro de 2002. O preço dos títulos no mercado internacional caiu para menos de 30% do seu valor de face. Alguns fundos, chamados pelos analistas de "abutres", teriam comprados esses papéis a baixos preços para exigir o pagamento integral na Justiça. A Justiça determinou que o governo argentino pague cerca de US$ 8,1 milhões de dólares em títulos dos três investidores, mas a decisão poderia ser estendida para outros proprietários de títulos argentinos. O governo não comentou a decisão ontem, mas deve recorrer. O governo argentino havia tentado, há seis meses, argumentar que os investidores compraram os títulos com o objetivo de pedir o pagamento na Justiça, o que seria proibido pela legislação dos EUA. Nova missão do FMI O FMI (Fundo Monetário Internacional) enviará uma missão à Argentina no próximo dia 29. Os técnicos do Fundo vão pedir aos representantes dos dois candidatos que passem para o segundo turno das eleições presidenciais que se comprometam a adotar mais medidas para diminuir gastos ou aumentar a receita. As eleições presidenciais ocorrem no próximo domingo. A previsão é que ocorra segundo turno e que, no dia 29, quando chega a missão do FMI, já se saiba quem serão os candidatos que o disputarão . Os técnicos do Fundo querem se reunir com os candidatos ou com representantes de sua futura equipe econômica. A Argentina assinou, no final de 2002, um acordo provisório com o FMI. O programa de ajuda vence em agosto, ou seja, o novo governo, que assume no final de maio, terá apenas dois meses para chegar a um acordo com o Fundo. No acordo provisório, o governo se comprometeu a atingir um superávit primário -diferença das receitas e despesas do governo, sem incluir o pagamento de juros- de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto -soma dos valores de todos os bens e produtos finais produzidos no país). A previsão é que o Fundo peça agora um aperto maior -similar ao feito pelo Brasil, cujo superávit deve chegar a 4,5% do PIB, ou do turco, que se comprometeu a economizar 6,5% do PIB. Representantes de alguns candidatos já começaram a negociar com o organismo. O ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) enviou, há duas semanas, uma equipe à sede do Fundo. Néstor Kirchner, candidato pelo mesmo partido de Menem, o PJ (Partido Justicialista), é representando pelo próprio ministro da Economia, Roberto Lavagna. Kirchner anunciou que manterá o ministro no cargo e teria dado sinal verde para que ele iniciasse as negociações com os representantes do FMI. Texto Anterior: Expectativa econômica nos EUA cai 0,2% Próximo Texto: Visita: Palocci e Meirelles recebem Snow Índice |
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