DA REPORTAGEM LOCAL

O real foi a moeda que mais se valorizou neste ano no mundo em termos nominais, segundo levantamentos feitos pela consultoria GlobalInvest e pela agência "Bloomberg".
Os dados da GlobalInvest apontavam para uma alta de 14,7% até o último dia 15. Logo atrás no ranking vinha o peso argentino, com valorização de 14,4%.
A alta continuada do real até a semana passada mantinha a moeda no topo do ranking com alta de 17% até a última quinta-feira, segundo a Bloomberg, que concluiu pesquisa com 59 moedas.
O dólar encerrou a quinta-feira passada cotado a R$ 3,037. Essa queda tem sido impulsionada principalmente pelas notícias de novas captações externas.
Segundo Fernando Ferreira, sócio da GlobalInvest, os principais fatores que explicam a disparada são a melhora do cenário interno, a queda da inflação e a volta das linhas de crédito externo.
Para Paulo Leme, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Goldman Sachs, a recuperação do real se explica principalmente pelo endividamento de instituições financeiras que voltaram a conseguir empréstimos no exterior depois da suspensão das linhas de crédito para o país no ano passado.
"Há disponibilidade de crédito tanto para o governo como para instituições financeiras", disse.
O valor total das captações externas neste ano já ultrapassa US$ 5 bilhões e tende a aumentar ainda mais. Na quinta-feira passada, por exemplo, o grupo Santander Banespa anunciou a conclusão de uma captação de US$ 50 milhões em eurobônus de 18 meses.
Isso tem levado analistas a apostar na continuação da valorização do real. Há quem acredite que a moeda brasileira poderá ficar abaixo de R$ 3 nesta semana.

Realização de lucros
Essa tendência poderá, no entanto, ser interrompida caso comece uma onda de realização de lucros no mercado. Ou seja, se os investidores que vinham comprando o real nas últimas semanas resolverem vender a moeda e embolsar os ganhos.
Importantes instituições financeiras, como o BNP Paribas, já começam a sugerir a venda do real. Em relatório enviado a clientes na última quinta-feira, o BNP dizia o seguinte em relação ao Brasil: "sentimos que o mercado está pronto para uma pausa depois da recente alta e nós recomendamos a realização de lucros agora".