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Empresários boicotam votações no Codefat
Entidades patronais querem resolver demandas setoriais; Ministério do Trabalho pressiona por nova regra para convênios
Confederações afirmam que
nova resolução arrisca abrir
brecha para abusos no uso
de recursos do FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador)
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A bancada de empresários no
Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) deu início a uma operação de boicote às votações do
órgão até que suas demandas
setoriais no Ministério do Trabalho sejam atendidas.
A Folha apurou que CNA
(Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil), CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CNC (Confederação Nacional do Comércio) integram
o movimento.
As três entidades têm questões pendentes com o governo
e informaram ao gabinete do
ministro Carlos Lupi (Trabalho) a disposição de criar dificuldade às votações. O ministério está preocupado com a ação
e pressiona os empresários a
votar porque tem interesse na
rápida aprovação de uma resolução que altera as regras para
realização de convênios.
Sem essa resolução, a alegação é que dezenas de convênios
com Estados, municípios e
ONGs cujos prazos acabam nas
próximas semanas não poderão ser renovados e haverá interrupção no atendimento a
trabalhadores. Na semana passada, a reunião do Codefat terminou sem votações porque,
sem o apoio da bancada dos
empresários, não havia quórum para votação.
A CNI está em pé de guerra
com o governo por conta da recém-anunciada proposta de reforma do Sistema S. O líder da
entidade, Armando Monteiro
Neto, já criticou publicamente
a proposta e trabalha nos bastidores para que o governo volte
atrás na disposição de realizar
as mudanças.
De acordo com o representante da CNI no conselho, Lourival Dantas, não há boicote ao
Codefat, e a decisão de não votar a nova resolução foi técnica.
"Fiz isso de acordo com critérios técnicos porque temos dúvidas sobre o assunto. Foi uma
decisão minha. Se existe essa
posição do presidente da CNI
contra a reforma, não sei", disse Dantas.
No caso da CNA, a entidade
pleiteia no Ministério do Trabalho a liberação de 35 registros para sindicatos patronais
rurais e acusa o governo de lentidão e "discriminação" no tratamento do assunto. "O ministério está querendo administrativamente modificar os parâmetros legais e vem represando os processos", afirmou o
representante da CNA no Codefat, Rodolfo Tavares, negando o levante no conselho.
Já a CNC tenta registrar no
ministério uma nova nomenclatura para reforçar sua base
de atuação como entidade patronal. Isso porque uma dissidência da confederação tenta
obter registro no ministério
para abocanhar uma parte dessa base (prestação de serviços)
e, com isso, ficar com uma fatia
do imposto sindical.
Embora o assunto já tenha
sido discutido e o ministério
negado o registro à nova confederação, a CNC ainda espera
ver publicada sua nova nomenclatura. Para o representante
da entidade, Gil Siuffo, o assunto já está resolvido, não havendo portanto pendências com o
Trabalho. A Folha apurou que
já há, inclusive, disposição da
CNC em retomar as votações
na próxima reunião do Codefat, marcada para o dia 28.
Fiscalização
Tanto Tavares quanto Dantas afirmam que a proposta de
nova resolução permitirá abusos no uso de recursos do FAT e
dizem ser necessária a inclusão
de um dispositivo prevendo a
fiscalização do TCU (Tribunal
de Contas da União) nas entidades que recebem recursos do
fundo. O governo e as entidades
de trabalhadores se opõem a isso, afirmando que outros órgãos de controle são responsáveis por essa fiscalização.
Outro ponto polêmico da resolução é a permissão para que
conflitos envolvendo entidades
candidatas aos convênios passem a ser resolvidos pelo Ministério do Trabalho.
Atualmente, esse tipo de problema precisa ser solucionado
pelo Codefat, evitando decisões
monocráticas.
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