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COMÉRCIO EXTERIOR
Devido aos efeitos da crise asiática, país recua quatro posições em ranking mundial e fica em 37º lugar
Freio faz Brasil perder competitividade
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
O Brasil caiu quatro posições no
ranking dos países mais competitivos do mundo, divulgado ontem
na Suíça. Na lista preparada pelo
IMD, uma escola suíça de administração que forma pessoal de
primeiro escalão de grandes empresas, o Brasil aparece em 37º lugar, em um total de 46 países.
O Brasil cedeu posições para países como Turquia, México, Hungria e Itália. Segundo avaliação do
IMD, o Brasil só é mais competitivo do que os países asiáticos em
crise, como Tailândia e Indonésia,
alguns vizinhos da América Latina, a África do Sul, e países do leste europeu que ainda enfrentam a
transição para o capitalismo.
Entre as 223 variáveis analisadas
pelo IMD, o Brasil perdeu fôlego
especialmente nas questões ligadas ao desempenho da economia e
do governo. Entre os países estudados, a economia brasileira apresentava o 25º melhor desempenho
e caiu para o 39º lugar. A avaliação
da capacidade do governo melhorar os fatores de competitividade
do país, através de privatização ou
reformas estruturais, baixou do
16º para o 21º posto.
A queda brasileira é consequência direta da crise asiática, que se
intensificou em outubro do ano
passado. Desde 94, o Brasil vinha
escalando o ranking do IMD, subindo do 43º lugar para o 33º posto. O principal combustível da ascensão brasileira era a confiança
de empresários e executivos no
desempenho da economia. Em 98,
o desânimo prevaleceu.
"Os dados objetivos da economia brasileira não mudaram no
ano passado. O que prejudicou o
Brasil foi a parte da pesquisa feita
com entrevistas com empresários
e executivos", diz Carlos Alberto
Arruda, pesquisador da Fundação
Dom Cabral, responsável pela
parte brasileira do projeto.
As entrevistas com 105 diretores
e presidentes de grandes empresas
foi permeada pela incerteza quanto ao futuro da economia brasileira. O resultado foi especialmente
negativo porque as entrevistas foram feitas entre dezembro do ano
passado e fevereiro de 98, quando
os efeitos da crise asiática eram
ainda mais fortes.
A pesquisa traz outras surpresas.
O Japão, que já dominou os primeiros lugares da lista, caiu para a
nona colocação no ano passado e
em 98 despencou para o 18º lugar.
Para o IMD, o Japão pode voltar a
subir no ranking se o recente pacote econômico conseguir eletrizar a adormecida economia do
país.
Seus vizinhos, como a Tailândia
e a Coréia do Sul, também vão
precisar de muita ginástica para
melhorar de posição. A Tailândia
teve a maior queda do ranking,
perdendo dez posições. Já a Coréia
do passou do 30º para o 35º posto,
em uma posição ainda melhor do
que a do Brasil.
O ranking continua sendo dominado pelos Estados Unidos, há
cinco anos no topo da lista. O país
reúne indicadores invejáveis. Sua
economia cresce sem parar há
mais de sete anos, a inflação está
controlada e o desemprego está no
nível mais baixo nos últimos 24
anos. A dúvida é saber quanto
tempo essa fase de ouro vai durar.
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