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TELEFONIA
Banco quer que a América Móvil recompre ações no valor de US$ 160,5 mi; empresa não comenta medida judicial
BNDES volta a cobrar controladora da Claro
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) entrou com uma segunda
notificação de protesto judicial
contra a empresa América Móvil,
que controla a rede de telefonia
celular Claro no Brasil.
O BNDESPar (BNDES Participações) investiu em 1997 em
ações de duas empresas posteriormente adquiridas pela América Móvil, a Americel e a Telet
-de telefonia celular do Centro-Oeste e do Rio Grande do Sul.
Agora, o banco quer que a América Móvil recompre as ações pelo
mesmo valor recebido pelos ex-controladores das duas empresas,
o que daria US$ 160,5 milhões
(cerca de R$ 512 milhões).
O conflito entre a América Movil e o BNDES começou em setembro do ano passado, quando
os mexicanos ofereceram recomprar as ações por R$ 15,4 milhões.
A empresa não quis comentar a
nova medida judicial do BNDES.
A América Móvil pertence ao
megaempresário Carlos Slim Helú, acionista majoritário da Telmex, que foi recentemente autorizada pela Justiça norte-americana
a comprar o controle da Embratel
por US$ 400 milhões. Slim, segundo informações de especialistas,
está negociando também a compra de parte do capital da Net Serviços (ex-Globo Cabo).
No ano passado, o BNDES recusou a oferta de R$ 15,4 milhões e
registrou dois protestos judiciais
no Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro contra o grupo mexicano.
Ontem, o banco declarou ter entrado com novo protesto judicial,
reivindicando o cumprimento
dos contratos assinados em 1997
com os ex-acionistas controladores da Telet e da Americel.
Na documentação entregue à
Justiça, ele informa que adquiriu
bônus conversíveis em ações preferenciais das duas empresas como parte da política do governo
de incentivar a participação de capital nacional nas licitações da
banda B de telefonia celular.
A instituição sustenta que na
ocasião firmou contrato com os
acionistas controladores das duas
empresas (fundos de pensão brasileiros, grupos Opportunity, La
Fonte e Bell Canada International), garantindo que, se elas fossem vendidas, poderia vender sua
participação pelo mesmo valor
obtido pelos controladores.
Segundo o banco, o controle das
duas empresas teria sido transferido à América Móvil por meio de
"sofisticada rede de operações",
que acabou por alijar o BNDES.
"A gestão da Americel e da Telet, há mais de dois anos, está em
poder da América Móvil, que a
exerce por sua controlada Telecom Americas", afirma o banco
na notificação judicial. A Telecom
Americas é uma empresa com registro nas Bermudas, o que dificulta a cobrança pelo banco.
Para o BNDES, cabe à empresa
mexicana América Móvil cumprir o compromisso firmado pelos ex-acionistas. O banco quer
caracterizar os R$ 512 milhões investidos nas duas empresas como
dívida da América Móvil. Os bônus foram convertidos em ações
preferenciais. Ele possui 18% do
capital das duas teles, mas não
participa do bloco de controle
nem influencia as decisões.
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