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Apesar de dólar, saldo comercial supera 2006
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A forte queda do dólar nas
últimas semanas ainda não
repercutiu na balança comercial: o saldo acumulado
até a terceira semana de
maio atingiu o valor recorde
de US$ 2,704 bilhões. O superávit foi resultado de exportações de US$ 8,568 bilhões e importações de US$
5,864 bilhões, disse o Ministério do Desenvolvimento.
De janeiro até a terceira
semana deste mês, a balança
registra superávit de US$
15,690 bilhões -US$ 55,019
bilhões em exportações e
US$ 39,329 bilhões em importações. É mais do que os
US$ 14,830 milhões de saldo
em igual período de 2006.
O resultado, porém, não
animou especialistas pois
ocorreu mais em razão de
um cenário favorável de preços (principalmente de commodities) do que do aumento do volume exportado. A
perda de competitividade,
dizem, intensificou-se com a
valorização recente do real.
"O valor é, de fato, expressivo, mas reflete principalmente um aumento das exportações de petróleo e combustíveis e uma queda das
importações desse grupo",
disse José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Para Castro, o crescimento
das exportações é sustentado
quase exclusivamente pelo
aumento dos preços. Se as
economias de China e EUA
pisarem no freio e a demanda por produtos básicos cair,
diz, uma crise se avizinhará.
Na comparação com 2006,
as exportações cresceram
19,7%, e as importações
-26,4%. Só na terceira semana deste mês (de 14 a 20),
o saldo somou US$ 1,301 bilhão -com exportações de
US$ 3,330 bilhões e importações de US$ 2,029 bilhões.
Segundo o ministério, a alta das exportações foi estimulado principalmente pelo
aumento de 26,9% nas vendas de produtos básicos, com
destaque para petróleo bruto
e soja em grão. Já nas importações, houve queda de
15,4% estimulada pela redução de compras de equipamentos mecânicos, combustíveis e lubrificantes.
Para Castro, os preços do
petróleo tendem a recuar e
ficarem mais baixos do que
em 2006, com repercussão
nos dados da balança.
Segundo ele, o atual cenário de valorização prejudica
especialmente setores produtores de manufaturados.
"Há uma perda muito grande
de competitividade", diz.
Castro recorda que, quando o país retomou o câmbio
flutuante, em 1999, levou
cinco anos para recuperar
mercados perdidos na época
da paridade de um para um
com o dólar. No caso dos produtos básicos, há uma menor
rentabilidade das exportações, mas o quadro não é tão
grave, avalia.
Castro diz que o setor exportador não quer a volta do
controle cambial. Mas sugere medidas como a volta da
tributação de aplicações financeiras de estrangeiros,
mecanismos de "quarentena" para capital estrangeiro e
corte mais rápido dos juros
para desestimular os investimentos no país e neutralizar
a enxurrada de recursos no
mercado de câmbio.
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