São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apesar de dólar, saldo comercial supera 2006

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A forte queda do dólar nas últimas semanas ainda não repercutiu na balança comercial: o saldo acumulado até a terceira semana de maio atingiu o valor recorde de US$ 2,704 bilhões. O superávit foi resultado de exportações de US$ 8,568 bilhões e importações de US$ 5,864 bilhões, disse o Ministério do Desenvolvimento.
De janeiro até a terceira semana deste mês, a balança registra superávit de US$ 15,690 bilhões -US$ 55,019 bilhões em exportações e US$ 39,329 bilhões em importações. É mais do que os US$ 14,830 milhões de saldo em igual período de 2006.
O resultado, porém, não animou especialistas pois ocorreu mais em razão de um cenário favorável de preços (principalmente de commodities) do que do aumento do volume exportado. A perda de competitividade, dizem, intensificou-se com a valorização recente do real.
"O valor é, de fato, expressivo, mas reflete principalmente um aumento das exportações de petróleo e combustíveis e uma queda das importações desse grupo", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Para Castro, o crescimento das exportações é sustentado quase exclusivamente pelo aumento dos preços. Se as economias de China e EUA pisarem no freio e a demanda por produtos básicos cair, diz, uma crise se avizinhará.
Na comparação com 2006, as exportações cresceram 19,7%, e as importações -26,4%. Só na terceira semana deste mês (de 14 a 20), o saldo somou US$ 1,301 bilhão -com exportações de US$ 3,330 bilhões e importações de US$ 2,029 bilhões.
Segundo o ministério, a alta das exportações foi estimulado principalmente pelo aumento de 26,9% nas vendas de produtos básicos, com destaque para petróleo bruto e soja em grão. Já nas importações, houve queda de 15,4% estimulada pela redução de compras de equipamentos mecânicos, combustíveis e lubrificantes.
Para Castro, os preços do petróleo tendem a recuar e ficarem mais baixos do que em 2006, com repercussão nos dados da balança.
Segundo ele, o atual cenário de valorização prejudica especialmente setores produtores de manufaturados. "Há uma perda muito grande de competitividade", diz.
Castro recorda que, quando o país retomou o câmbio flutuante, em 1999, levou cinco anos para recuperar mercados perdidos na época da paridade de um para um com o dólar. No caso dos produtos básicos, há uma menor rentabilidade das exportações, mas o quadro não é tão grave, avalia.
Castro diz que o setor exportador não quer a volta do controle cambial. Mas sugere medidas como a volta da tributação de aplicações financeiras de estrangeiros, mecanismos de "quarentena" para capital estrangeiro e corte mais rápido dos juros para desestimular os investimentos no país e neutralizar a enxurrada de recursos no mercado de câmbio.


Texto Anterior: Montadoras devem ter um ano de crescimento chinês
Próximo Texto: Mercado já espera queda maior dos juros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.