São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Fed sinaliza fim de cortes nos juros

BC dos EUA afirma que nova redução não deve ocorrer mesmo que economia se contraia no curto prazo

Decisão de cortar juros em abril foi "apertada", diz ata, que derrubou mercados; Fed prevê PIB menor e inflação e desemprego maiores


DA REDAÇÃO

A sinalização do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) de que interrompeu o atual ciclo de cortes na taxa de juros básica derrubou as Bolsas ontem. A expectativa de investidores já era a de que o organismo não reduzisse os juros novamente, mas o que surpreendeu foi o tom usado por alguns dos seus membros.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, que teve uma queda expressiva no dia anterior, e a Nasdaq, que reúne empresas de alta tecnologia, caíram 1,77%. O índice Dow Jones teve o seu pior período de dois dias em quase três meses, quando a crise nos mercados estava mais acentuada. No Brasil, a Bovespa recuou 1,66%.
Segundo a ata da última reunião do Fed, no mês passado, "foi apertada" a decisão de realizar o sétimo corte seguido nos juros desde setembro e alguns dos integrantes manifestaram que uma nova redução é improvável mesmo que os EUA entrem em recessão. No encontro de abril, apenas 2 dois 10 membros do comitê de política monetária do Fed votaram a favor da manutenção da taxa, que atualmente está em 2%.
O documento afirma que, para vários integrantes do Fed, é improvável um novo corte nos juros ainda que os dados apontem que a economia americana "se desacelerou ainda mais ou se contraiu um pouco no curto prazo, salvo se os desenvolvimentos econômicos e financeiros indiquem um enfraquecimento significativo do cenário econômico". Nos primeiros três meses deste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos se expandiu em 0,6%, o menor crescimento desde o quarto trimestre de 2002. A expectativa é a de que esse número seja maior quando for divulgada a revisão dos dados no próximo mês.
"Apesar de permanecerem os riscos para o crescimento, os membros também estavam preocupados com a possibilidade de alta no cenário da inflação, devido aos aumentos continuados nos preços do petróleo e das commodities e ao fato de que alguns indicadores sugerirem que as expectativas para a inflação subiram nos últimos meses", diz o documento do banco central dos EUA. As duas principais preocupações do Fed são o controle da inflação e o crescimento da economia.
O Fed, no entanto, continua preocupado com vários setores da economia dos Estados Unidos. O cenário do setor imobiliário "permaneceu desanimador", os gastos do consumidor -principal motor da economia americana- "aparentemente se desaceleraram para um rastejo". Já a situação do mercado financeiro melhorou, mas permanece "frágil".
Para a entidade, um dos pontos positivos são as exportações, que foram ajudadas pela desvalorização do dólar e pelo crescimento das economias de alguns países.

Previsões
Na ata do mês passado, o Fed também reduziu a sua previsão para o crescimento da economia americana e elevou a estimativa para a inflação e o desemprego.
Segundo o organismo, o PIB dos EUA se expandirá entre 0,3% e 1,2% neste ano -em janeiro, a previsão era de alta de 1,3% a 2%. Já a taxa de desemprego, que se estimava no começo do ano que ficaria entre 5,2% e 5,3%, chegará a até 5,7%. Já PCE (gastos do consumidor americano) pode alcançar até 3,4% -um ponto percentual a mais do que se previa.


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