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Renda sobe 2,8% em abril e se aproxima de nível de 2002
Rendimento médio sobe 1% e vai a R$ 1.208; taxa de desemprego fica em 8,5%
Aumento da renda ocorre
com alta no emprego em
setores que pagam melhor,
como indústria, educação e
administração pública
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passados quase cinco anos, o
rendimento do trabalhador das
principais metrópoles do país
começa finalmente a recompor
a forte perda de 2003, ano da
recessão pós-eleitoral. Em
abril, a renda média ficou em
R$ 1.208,10, a mais alta marca
desde outubro de 2002 (R$
1.224,48). É também a maior
para um mês de abril desde
2002 (R$ 1.228,36).
Após o recuo em março
(0,6%), a renda voltou a subir
em abril: 1%. Em relação a abril
de 2007, a alta foi de 2,8%, disse
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Já a taxa de desemprego nas
seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 8,5%
em abril, praticamente estável
em relação a março -8,6%.
Caiu, porém, com força -1,6
ponto percentual- na comparação com a marca de abril de
2007 (10,1%), segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No caso do rendimento, o
crescimento, em abril, está associado ao bom desempenho
do emprego em setores que pagam salários maiores. É o caso
da indústria (alta de 3,9% ante
abril de 2007), educação, saúde
e administração pública (7,5%)
e serviços prestados a empresas (6,5%) -este último inclui o
setor financeiro.
"Quando cresce o emprego
em setores como indústria e
serviço prestados a empresas,
que têm tido uma forte expansão, a renda cresce mais", afirma Fábio Romão, economista
da LCA.
Tal efeito, diz, dribla o impacto negativo da inflação mais
alta neste ano. "O rendimento
cresce num ritmo menor neste
ano por causa da inflação mais
salgada, mas ainda tem um
bom desempenho", afirma Romão.
Para Cimar Azeredo Pereira,
gerente da Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE, o rendimento dá sinais claros de reação, mas ainda não recuperou
todas as perdas provocadas pela recessão detonada pelas eleições presidenciais de 2002
-quando linhas de crédito se
fecharam ao país, que, mergulhado numa crise de confiança,
teve de elevar a taxa de juros
para até 26,5% ao ano.
Emprego e formalização
Apesar da estabilidade da taxa de desemprego, o resultado
de abril é "positivo", avalia Azeredo Pereira. É que nesta época
do ano, diz, ela poderia ainda
estar em trajetória ascendente,
a julgar pelo histórico da pesquisa. Além disso, todas as vagas geradas de março para abril
são com carteira assinada, segundo ele.
Pelos dados da pesquisa, o
número de pessoas ocupadas
subiu 0,5% (ou 105 mil pessoas)
de março para abril. Em relação
a abril de 2007, o avanço foi de
4,3% -886 mil pessoas. "Foi
um resultado bastante surpreendente. A ocupação crescia
na faixa de 3,5%, o que já era
muito bom. Mas agora essa taxa
se acelerou", diz Romão.
Para Azeredo Pereira, a taxa
de desemprego cai -ou se sustenta- neste ano em razão da
redução do número de desempregados. Ou seja, as vagas criadas dão conta de cobrir a procura. O resultado é a queda de
13,9% do contingente de desocupados ante abril de 2007
-ou 322 mil pessoas a menos.
"É como se fossem eliminadas, em um ano, todas as pessoas desempregadas que existiam em abril nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte
e Porto Alegre [pesquisadas pelo IBGE, ao lado de São Paulo,
Rio, Recife e Salvador]."
O gerente do IBGE ressaltou
ainda o incremento da formalização no mercado de trabalho.
O número de ocupados com
carteira assinada saltou 1,5% na
comparação com março e 9,9%
ante abril de 2007. De março
para abril, foram abertas 139
mil vagas com carteira, mais do
que a expansão total da ocupação (105 mil).
Segundo o professor de economia da Trevisan Escola de
Negócios, Alcides Leite, os resultados "mostram que o crescimento da economia continua
gerando efeitos positivos" para
renda e emprego. "Mas é necessário que a inflação seja controlada para que se mantenha o
ritmo de expansão registrado
nos últimos meses", diz.
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