São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Renda sobe 2,8% em abril e se aproxima de nível de 2002

Rendimento médio sobe 1% e vai a R$ 1.208; taxa de desemprego fica em 8,5%

Aumento da renda ocorre com alta no emprego em setores que pagam melhor, como indústria, educação e administração pública


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Passados quase cinco anos, o rendimento do trabalhador das principais metrópoles do país começa finalmente a recompor a forte perda de 2003, ano da recessão pós-eleitoral. Em abril, a renda média ficou em R$ 1.208,10, a mais alta marca desde outubro de 2002 (R$ 1.224,48). É também a maior para um mês de abril desde 2002 (R$ 1.228,36).
Após o recuo em março (0,6%), a renda voltou a subir em abril: 1%. Em relação a abril de 2007, a alta foi de 2,8%, disse o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Já a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 8,5% em abril, praticamente estável em relação a março -8,6%. Caiu, porém, com força -1,6 ponto percentual- na comparação com a marca de abril de 2007 (10,1%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No caso do rendimento, o crescimento, em abril, está associado ao bom desempenho do emprego em setores que pagam salários maiores. É o caso da indústria (alta de 3,9% ante abril de 2007), educação, saúde e administração pública (7,5%) e serviços prestados a empresas (6,5%) -este último inclui o setor financeiro.
"Quando cresce o emprego em setores como indústria e serviço prestados a empresas, que têm tido uma forte expansão, a renda cresce mais", afirma Fábio Romão, economista da LCA.
Tal efeito, diz, dribla o impacto negativo da inflação mais alta neste ano. "O rendimento cresce num ritmo menor neste ano por causa da inflação mais salgada, mas ainda tem um bom desempenho", afirma Romão.
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, o rendimento dá sinais claros de reação, mas ainda não recuperou todas as perdas provocadas pela recessão detonada pelas eleições presidenciais de 2002 -quando linhas de crédito se fecharam ao país, que, mergulhado numa crise de confiança, teve de elevar a taxa de juros para até 26,5% ao ano.

Emprego e formalização
Apesar da estabilidade da taxa de desemprego, o resultado de abril é "positivo", avalia Azeredo Pereira. É que nesta época do ano, diz, ela poderia ainda estar em trajetória ascendente, a julgar pelo histórico da pesquisa. Além disso, todas as vagas geradas de março para abril são com carteira assinada, segundo ele.
Pelos dados da pesquisa, o número de pessoas ocupadas subiu 0,5% (ou 105 mil pessoas) de março para abril. Em relação a abril de 2007, o avanço foi de 4,3% -886 mil pessoas. "Foi um resultado bastante surpreendente. A ocupação crescia na faixa de 3,5%, o que já era muito bom. Mas agora essa taxa se acelerou", diz Romão.
Para Azeredo Pereira, a taxa de desemprego cai -ou se sustenta- neste ano em razão da redução do número de desempregados. Ou seja, as vagas criadas dão conta de cobrir a procura. O resultado é a queda de 13,9% do contingente de desocupados ante abril de 2007 -ou 322 mil pessoas a menos.
"É como se fossem eliminadas, em um ano, todas as pessoas desempregadas que existiam em abril nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e Porto Alegre [pesquisadas pelo IBGE, ao lado de São Paulo, Rio, Recife e Salvador]."
O gerente do IBGE ressaltou ainda o incremento da formalização no mercado de trabalho. O número de ocupados com carteira assinada saltou 1,5% na comparação com março e 9,9% ante abril de 2007. De março para abril, foram abertas 139 mil vagas com carteira, mais do que a expansão total da ocupação (105 mil).
Segundo o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, os resultados "mostram que o crescimento da economia continua gerando efeitos positivos" para renda e emprego. "Mas é necessário que a inflação seja controlada para que se mantenha o ritmo de expansão registrado nos últimos meses", diz.


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