São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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VAREJO

Funcionários serão demitidos

Arapuã fecha mais de 40 lojas no Sul do país

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A Arapuã, que hoje completa quatro anos de concordata, decidiu fechar mais de 40 lojas da rede localizadas na região Sul do país (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) para dar continuidade ao plano de reestruturação da empresa.
A Arapuã possui uma rede de mais de 150 lojas em todo o país e emprega cerca de 1.500 pessoas. A dívida da empresa é superior a R$ 1 bilhão.
O advogado da Arapuã, Sérgio Bermudes, diz que, com esse corte, a empresa pretende voltar a registrar lucro para poder sair da concordata. "A empresa verificou que não há razão para saídas drásticas, como a falência", diz Bermudes.
Segundo Bermudes, apesar do momento difícil que atravessa a economia brasileira, a Arapuã acha que há muitas chances de concluir com êxito seu plano de reestruturação. O plano de reestruturação da Arapuã, de acordo com Bermudes, recebeu a adesão de 82% dos credores.
O advogado disse que a empresa ainda não definiu o número de funcionários que serão dispensados com o fechamento das lojas. A Folha apurou, no entanto, que o corte deve atingir cerca de 30% do total de empregados.
A Arapuã, que pertence à família Simeira Jacob, não pagou as três parcelas já vencidas da concordata decretada em 22 de junho de 1998.
Há quatro anos, a Arapuã entrou em sérias dificuldades. Os controladores da empresa alegaram o alto índice de inadimplência para o pedido de concordata. Na época, os créditos em atraso somavam cerca de R$ 550 milhões.
Apesar de não ter pago as parcelas vencidas da concordata, a Justiça ainda não decretou a falência da empresa por confiar no seu plano de reestruturação. A Arapuã ainda possui receita de cerca de R$ 600 milhões por ano e esse é o principal fator que a empresa alega para evitar que sua falência seja decretada. "A falência seria pior para todo mundo", diz Bermudes.
A Lei de Falências e Concordatas, de 1945, determina que a Justiça decrete a falência de uma empresa caso ela descumpra algum item do contrato feito para a aprovação de sua concordata. O atraso no pagamento das parcelas vencidas da concordata já seria motivo para a falência.
Para evitar a falência, a Arapuã propôs à Justiça o seu novo plano de reestruturação, com o enxugamento do número de lojas e corte de funcionários, com o objetivo de tornar a empresa rentável para poder saldar suas dívidas.
A Arapuã já foi a maior rede de eletrodomésticos do país. A empresa chegou a ter ações negociadas na Bolsa de Nova York.
A empresa atribui seus problemas à política de alta de juros do governo, por ter sido responsável pelo alto índice de inadimplência de seus clientes.



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