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SEMENTE DA DISCÓRDIA
País atribui contaminação à sobra da safra de soja modificada
Brasil culpa mistura com transgênico
DE PEQUIM
A permissão para o plantio de
soja transgênica na safra 2003/4
foi apontada pelo governo brasileiro como a principal causa da
contaminação do produto exportado para os chineses, durante a
reunião de ontem no Ministério
da Quarentena, na China.
Os produtores que já haviam
comprado sementes convencionais decidiram comprar sementes
transgênicas depois da autorização e ficaram com excedente de
grãos. Essas sementes são tratadas com agroquímicos e, teoricamente, não são para consumo.
Pela tese que o Ministério da
Agricultura apresentou, alguns
exportadores decidiram se livrar
dessas sementes misturando-as à
soja destinada à exportação.
O governo e os próprios exportadores reconhecem que houve
um problema sério no primeiro
navio vetado pela China, o Bunga
Saga Tujuh.
Segundo participantes da reunião, os chineses afirmaram que a
contaminação na carga era muito
alta. Caio Cezar Vianna, representante de cooperativas e de dois
terminais portuários gaúchos,
afirma que esse navio foi carregado com sobras da safra do ano
passado, o que chamou de "a raspa do tacho".
Depois desse episódio, os chineses passaram a olhar as cargas
brasileiras "com lupa", afirma.
A rejeição dos navios pela China
ajudou a derrubar o preço da soja
no mercado internacional. Para
muitos "traders", o problema sanitário nada mais foi do que um
pretexto dos chineses para se livrar de uma carga que haviam
comprado a preço muito alto, ainda no ano passado.
Mistura elevada
A última safra de soja teve altos
índices de contaminação por fungicidas devido à demora do governo federal para editar a medida provisória para os transgênicos, no início do plantio da safra.
Os produtores, por sua vez, que
não são fiscalizados, têm o hábito
de não respeitar receituário agronômico dos produtos químicos e
de misturar soja-semente (tratada
com fungicidas) à soja-grão (usada para o consumo e a industrialização).
Esses dois fatores levaram os
produtores a misturar, só no Rio
Grande do Sul, 60 mil toneladas
de soja-semente aos grãos para
comercialização. Esses números,
que técnicos do próprio Ministério da Agricultura só admitiam
extra-oficialmente, foram agora
admitidos nas negociações para
derrubar o veto chinês.
Colaborou José Maschio,
da Agência Folha, em Londrina
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