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TRIBUTAÇÃO
Contribuição e o PIS sobre produtos importados somam R$ 1,1 bi dos R$ 24,58 bi obtidos pela Receita em maio
Cofins sobe 41% e arrecadação bate recorde
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação da Cofins (Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social) em maio
-40,8% superior à do mesmo
período do ano passado- ajudou a Receita Federal a bater um
novo recorde para o mês. Foram
arrecadados R$ 24,579 bilhões no
total, 5,32% a mais do que em
maio de 2003. No ano, a arrecadação total soma R$ 128,39 bilhões.
No mês passado, o governo começou a cobrar Cofins e PIS (Programa de Integração Social) sobre
produtos importados e obteve R$
1,1 bilhão. O secretário-adjunto da
Receita Federal Ricardo Pinheiro
disse que o valor pode não se repetir nos próximos meses.
É que a tributação sobre importados começou em maio, mas, a
partir de junho, os empresários
poderão receber créditos tributários pelas contribuições que foram pagas. Isso acontecerá quando eles venderem os produtos.
Até abril, as contribuições sobre
importados eram cobradas indiretamente, pois a tributação era
feita no momento da venda.
Portanto a tributação na entrada do produto no país, que começou em maio, pode ser considerada uma antecipação. Acontece
que os empresários podem demorar a vender os produtos comprados em maio e as importações
podem, por exemplo, subir em junho. Dessa forma, não há como
prever a evolução dessa receita. O
próprio secretário admitiu que algumas empresas demoram cerca
de 45 dias para vender o estoque.
O fato é que Pinheiro admitiu
ontem que "o governo espera um
incremento permanente de arrecadação de 10% no PIS e na Cofins
após todas as mudanças feitas
desde 2003". A Cofins arrecadou
R$ 60,6 bilhões em 2003. O aumento de 10% seria igual a R$ 6,2
bilhões em valores atualizados.
A divulgação dos dados sobre a
arrecadação estava programada
para a semana passada, mas foi
adiada pela Receita sob alegação
de problemas técnicos. A oposição disse que o motivo era a votação do salário mínimo. Uma arrecadação maior poderia ser usada
para pressionar o governo por um
aumento maior do mínimo.
Fim da cumulatividade
A Cofins e o PIS deixaram de ser
cumulativos, ou de incidir em todas as fases da produção. Mas, em
compensação, passaram de
3,65% sobre o faturamento para
9,25% -soma das alíquotas dos
dois tributos. Alguns analistas
afirmam que a alíquota atual ficou acima da que seria necessária
para manter a arrecadação dos
anos anteriores.
Até agora, o Ministério da Fazenda vinha afirmando que os ganhos de arrecadação com as mudanças seriam anulados com o
tempo porque os empresários
"aprenderiam" a conviver com o
novo sistema, recebendo os créditos tributários.
A receita da Cofins passou de R$
4,858 bilhões em maio de 2003 para R$ 6,841 bilhões neste ano
-R$ 1,1 bilhão somente com a
cobrança sobre os importados.
Ou seja, descontando a cobrança
sobre importados, ainda existe
uma diferença de R$ 883 milhões
entre os dois meses. "Uma parte
pode ser creditada ao crescimento
econômico", disse Pinheiro.
Receitas atípicas
A arrecadação de maio ainda ficou R$ 233 milhões acima das
projeções da Receita, que haviam
sido atualizadas no dia 1º de junho. Os resultados seriam ainda
melhores se fossem desconsideradas as receitas atípicas que entraram em maio de 2003. Essas receitas referem-se a depósitos judiciais e pagamentos em atraso que,
em maio do ano passado, chegaram a R$ 2,4 bilhões. No mês passado, foram apenas R$ 594 milhões de receitas atípicas.
Como as receitas atípicas aconteceram no Imposto de Renda e
na CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), esses tributos apresentaram quedas expressivas em maio deste ano na comparação com maio de 2003.
Desde o início do ano, a Receita
vem superando as suas próprias
previsões, abrindo espaço por
uma maior pressão por gastos.
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