São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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FINANCIAMENTO

Governo diz que só libera mais verbas ao setor agrícola se tirar de outras áreas, como previdência e saúde

Dinheiro do social pode ir para agricultores

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal só vai liberar verba para contemplar os pedidos de ajuda do setor agrícola se houver restrições em outras áreas, como previdência e saúde.
A informação foi dada pelo presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, Ronaldo Caiado (PFL-GO), após participar de reunião ontem com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
Parlamentares da bancada ruralista pediram recursos para enfrentar a crise que vive o setor.
"Nós mostramos que o setor não aceita esse condicionamento a outras matérias. A função do Estado é cortar os excessos que tem com os cargos comissionados e com o tamanho da máquina pública", afirmou Caiado, para quem a posição de Palocci foi "rígida, dura e intransigente".
Uma das reivindicações dos ruralistas é a ampliação da linha de crédito para os prejudicados pela estiagem no Sul, de R$ 1 bilhão (já liberado) para R$ 5 bilhões.
De acordo com o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), a demanda por esses recursos é muito maior. "Hoje há 502 mil agricultores fora do crédito rural."

Renegociar dívidas
Outro pedido foi a renegociação da dívida com os bancos oficiais. "Mostramos a nossa proposta para a renegociação, mas existe total insensibilidade do governo em não querer ceder em nenhum ponto", disse Caiado.
Segundo Heinze, se a situação permanecer como está, a próxima colheita será bem menor. "Já estão plantando sem tecnologia, sem adubo. Os agricultores estão plantando de qualquer jeito."
Palocci e Rodrigues não falaram após a reunião.
Com a posição do governo, ganha força o "tratoraço", manifestação da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e entidades rurais de 12 Estados em protesto contra a situação atual.
A intenção é reunir 15 mil agricultores em Brasília e promover um grande almoço na Esplanada dos Ministérios na próxima terça-feira. A comida será preparada em uma panela de aço de cinco metros de diâmetro por um de altura, que chegará dividida em duas partes, que serão soldadas.


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