DA REPORTAGEM LOCAL

As infrações fiscais e trabalhistas cometidas por clubes, técnicos e jogadores são o principal motivo que levam grandes empresas a negarem patrocínio. Como elas têm ações em Bolsa, no Brasil e no exterior, são obrigadas a seguirem as regras de governança corporativa que as impedem de dar suporte a clubes ou atletas envolvidos em litígios fiscais ou criminais.
Até questões relacionadas à imagem interferem na relação com os patrocinadores. "Também por isso os clubes ficaram mais cautelosos", diz o advogado Caio Medauar, especialista em direito desportivo.
Outra questão recente tornou a relação entre clubes e patrocinadores mais turbulenta. Há cerca de um mês, o Flamengo rescindiu o contrato de US$ 7,5 milhões anuais com a Nike, alegando descumprimento do acordo pela empresa. "Chegaram até a falhar na entrega de material esportivo para o time", afirma Ricardo Hinrichsen, diretor de marketing do Flamengo. "Também não entregaram as camisas oficiais nas lojas." Só aí as estimativas de perdas são de R$ 40 milhões.
Recentemente, o Flamengo anunciou um novo contrato de patrocínio com a Olympikus. O time terá em caixa pelo menos US$ 20,6 milhões por ano, sem contar os US$ 10 milhões que poderão sair da arrecadação das lojas e do museu que será construído na sede do clube, no Rio de Janeiro.
Muitas empresas acreditam que a "briga" entre o Flamengo e a Nike abriu um precedente.
A Nike considera que o acordo foi rompido unilateralmente sem o cumprimento do prazo previsto em contrato para o aviso de rescisão. A companhia estuda entrar na Justiça, exigindo o pagamento da multa de R$ 15 milhões.
O episódio deixou empresas do porte de Coca-Cola, AmBev e Fiat, que já são patrocinadoras esportivas, preocupadas. Elas temem que outros clubes possam seguir o caminho do Flamengo. (JW)


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