São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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CONJUNTURA
Rombo nas contas correntes ficou em 3,96% do PIB nos 12 meses até junho, contra 4,1% até maio, conforme BC
Déficit externo cai pelo 2º mês seguido

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit em transações correntes, principal indicador das contas externas do país, voltou a cair em junho, pelo segundo mês consecutivo. Mas a queda foi parcialmente prejudicada por uma revisão geral das estatísticas feita pelo Banco Central.
O indicador fechou em 3,96% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país em um ano) nos 12 meses encerrados em junho, contra 4,1% do PIB no mês anterior.
O número ainda permanece acima do desejado pela equipe econômica, que prevê déficit de 3,5% do PIB neste ano. Ele só não ficou menor porque o BC fez uma revisão em todos os índices desde 99. O indicador de maio subiu de 3,99% para 4,1% do PIB.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que a revisão dos números é comum. Normalmente a estatística é feita com números preliminares, que são revistos quando saem os dados definitivos.
As transações correntes são consideradas o principal indicador das contas externas porque revelam a dependência do país em relação aos capitais externos e indicam se o Brasil está vulnerável a crises internacionais.
Ele inclui as transações do país com o resto do mundo: o comércio exterior (importações e exportações), os serviços (juros da dívida externa, remessa de lucros etc.) e as transferências unilaterais (dinheiro remetido ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Quando o país gasta além das receitas nessas operações, está tomando empréstimos ou atraindo investimentos estrangeiros para cobrir a diferença.
Déficits muito altos tornam o país vulnerável porque nas crises externas os investidores estrangeiros destinam menos capitais a países emergentes. Não há consenso sobre qual é o déficit ideal, mas, de forma geral, um percentual de 4% do PIB é entendido como alto pelos economistas.
O déficit registrado em junho é o mais baixo desde agosto de 98, quando o indicador ficou em 3,87% do PIB. Mas foi justamente naquele mês que o Brasil sentiu os efeitos da crise asiática, em parte porque tinha déficit alto.
Desde a maxidesvalorização do real, em janeiro de 99, o país vem registrando lenta melhora nesse indicador. Quando medida em dólares, a queda parece expressiva: o déficit passou de US$ 33,804 bilhões nos 12 meses terminados em janeiro de 99 para US$ 23,980 bilhões em junho passado.
Mas a melhora não é tão significativa quando os números são comparados com o PIB: o déficit passou de 4,46% para 3,96% do PIB entre janeiro e 99 e junho passado. A queda foi pequena porque a desvalorização do real provocou redução de 20% no PIB.
Os investidores internacionais preferem acompanhar o déficit em relação ao PIB porque esse indicador compara o volume de capitais que o país necessita atrair com o porte de sua economia.


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