|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONJUNTURA
Rombo nas contas correntes ficou em 3,96% do PIB nos 12 meses até junho, contra 4,1% até maio, conforme BC
Déficit externo cai pelo 2º mês seguido
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O déficit em transações correntes, principal indicador das contas
externas do país, voltou a cair em
junho, pelo segundo mês consecutivo. Mas a queda foi parcialmente prejudicada por uma revisão geral das estatísticas feita pelo
Banco Central.
O indicador fechou em 3,96%
do PIB (Produto Interno Bruto,
soma das riquezas produzidas no
país em um ano) nos 12 meses encerrados em junho, contra 4,1%
do PIB no mês anterior.
O número ainda permanece
acima do desejado pela equipe
econômica, que prevê déficit de
3,5% do PIB neste ano. Ele só não
ficou menor porque o BC fez uma
revisão em todos os índices desde
99. O indicador de maio subiu de
3,99% para 4,1% do PIB.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes,
disse que a revisão dos números é
comum. Normalmente a estatística é feita com números preliminares, que são revistos quando
saem os dados definitivos.
As transações correntes são
consideradas o principal indicador das contas externas porque
revelam a dependência do país
em relação aos capitais externos e
indicam se o Brasil está vulnerável
a crises internacionais.
Ele inclui as transações do país
com o resto do mundo: o comércio exterior (importações e exportações), os serviços (juros da dívida externa, remessa de lucros etc.)
e as transferências unilaterais (dinheiro remetido ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Quando o país gasta além das
receitas nessas operações, está tomando empréstimos ou atraindo
investimentos estrangeiros para
cobrir a diferença.
Déficits muito altos tornam o
país vulnerável porque nas crises
externas os investidores estrangeiros destinam menos capitais a
países emergentes. Não há consenso sobre qual é o déficit ideal,
mas, de forma geral, um percentual de 4% do PIB é entendido como alto pelos economistas.
O déficit registrado em junho é
o mais baixo desde agosto de 98,
quando o indicador ficou em
3,87% do PIB. Mas foi justamente
naquele mês que o Brasil sentiu os
efeitos da crise asiática, em parte
porque tinha déficit alto.
Desde a maxidesvalorização do
real, em janeiro de 99, o país vem
registrando lenta melhora nesse
indicador. Quando medida em
dólares, a queda parece expressiva: o déficit passou de US$ 33,804
bilhões nos 12 meses terminados
em janeiro de 99 para US$ 23,980
bilhões em junho passado.
Mas a melhora não é tão significativa quando os números são
comparados com o PIB: o déficit
passou de 4,46% para 3,96% do
PIB entre janeiro e 99 e junho passado. A queda foi pequena porque a desvalorização do real provocou redução de 20% no PIB.
Os investidores internacionais
preferem acompanhar o déficit
em relação ao PIB porque esse indicador compara o volume de capitais que o país necessita atrair
com o porte de sua economia.
Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Investimento externo sobe e ajuda a estabilizar dívida Índice
|