São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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TELECOMUNICAÇÕES
Ex-TCS é pivô
Opportunity e Telecom Italia reiniciam disputa

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Mal terminou o conflito que envolveu a compra da empresa gaúcha CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações), o Opportunity e o grupo Telecom Italia deram início a uma nova guerra entre eles. Desta vez, o embate é provocado pelo pagamento da terceira parcela da compra da Brasil Telecom (ex-Tele Centro Sul) no leilão de privatização da Telebrás.
Até sexta-feira da próxima semana, os sócios terão de depositar cerca de R$ 1 bilhão na conta da Solpart Participações (holding que arrematou a estatal no leilão), para que esta repasse o dinheiro ao Tesouro Nacional até o dia 3 de agosto.
Os italianos, segundo afirma o Opportunity, estão criando obstáculos para impedir que os sócios nacionais consigam recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e cumpram sua parte no compromisso.
Logo depois da privatização da Telebrás, o BNDES firmou um compromisso com o consórcio Solpart para financiar os sócios nacionais com R$ 525 milhões na compra da empresa.
O sócios nacionais estão reunidos em uma empresa chamada Techold Participações, que concentra 62% das ações sem direito a voto e 11% das ações com direito a voto da holding Solpart.
Os italianos entraram no leilão de privatização com a empresa Stet International Netherlands, a qual, por sua vez, tem 38% do capital total da Solpart.
Assim, para saldar seu compromisso com a União, a Techold terá de depositar R$ 613 milhões na conta do Tesouro. A parcela dos italianos é de cerca de R$ 373 milhões.
Para conseguir os recursos oficiais, o Opportunity precisa oferecer como garantia ações da Brasil Telecom pertencentes à Solpart. Seriam títulos da quota dos sócios brasileiros na holding.
Mesmo assim, o BNDES exige que o sócio italiano dê seu consentimento formal à operação, pois trata-se de um lançamento de debêntures conversíveis em ações e não apenas de um simples empréstimo. Se a Techold não quitar a dívida com o banco, o débito é transformado em ações.
Segundo o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, a Telecom Italia promete em reuniões que formalizará sua concordância,""só que o documento não chega", afirma.
O presidente do BNDES, Francisco Gros, confirmou ontem que há um desentendimento entre os acionistas da Brasil Telecom e disse esperar que eles se acertem antes da data final para o pagamento.
Na visão de Daniel Dantas, a Telecom Italia teria a estratégia deliberada de asfixiar a Techold, negando-lhe o acesso ao dinheiro do BNDES.
A assessoria da Telecom Italia, em Roma, não foi localizada para comentar o assunto.


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