São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Os dois lados testam seus limites

DO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

A suspensão das negociações serve, acima de tudo, para testar os limites de parte a parte, avaliou para a Folha experiente negociador comercial.
De fato, ao anunciar aos europeus que preferia suspender a reunião entre os coordenadores, o Mercosul esperava conseguir a retirada do "bode" na sala representado pela proposta de gradualismo na entrada em vigor de cotas para produtos agrícolas.
Não conseguiu e, agora, corre o risco de que os europeus de fato retirem o "bode", mas mantenham uma oferta agrícola tida como insuficiente e ainda demandem algo do Mercosul em troca da vigência imediata, e não gradual, das cotas.
Ou, posto de outra forma, a União Européia tenta forçar o Mercosul a baixar o limite de suas ambições na área de maior interesse para o bloco sul-americano.
Ao mesmo tempo, cresce a sua ambição. Começou o dia reconhecendo, pela voz de Karl Falkenberg, que o Mercosul melhorara suas ofertas em bens industriais, serviços e investimentos. Terminou-o, pela voz de Arancha González, reclamando de que a liberalização da importação de bens não-agrícolas pelo Mercosul se dará ao final de dez anos para 60% deles e que falta melhorar a oferta em transporte marítimo, serviços financeiros, telecomunicações e compras governamentais. O Mercosul faz o mesmíssimo teste de limites, diz Mário Mugnaini secretário-geral da Camex: "Se não melhorarem a oferta, não dá para fechar o acordo".
Testar limites é clássico em toda negociação. O problema começa quando se estreitam os prazos para que os parceiros entendam e aceitem os limites dos outros. É nessa fase crucial que está a negociação Mercosul/UE. (CR)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Integração: Otimismo do Mercosul se torna "banho de água fria"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.