|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Os dois lados testam seus limites
DO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
A suspensão das negociações serve, acima de tudo,
para testar os limites de parte a
parte, avaliou para a Folha experiente negociador comercial.
De fato, ao anunciar aos europeus que preferia suspender a
reunião entre os coordenadores,
o Mercosul esperava conseguir a
retirada do "bode" na sala representado pela proposta de gradualismo na entrada em vigor de cotas para produtos agrícolas.
Não conseguiu e, agora, corre o
risco de que os europeus de fato
retirem o "bode", mas mantenham uma oferta agrícola tida como insuficiente e ainda demandem algo do Mercosul em troca
da vigência imediata, e não gradual, das cotas.
Ou, posto de outra forma, a
União Européia tenta forçar o
Mercosul a baixar o limite de suas
ambições na área de maior interesse para o bloco sul-americano.
Ao mesmo tempo, cresce a sua
ambição. Começou o dia reconhecendo, pela voz de Karl Falkenberg, que o Mercosul melhorara suas ofertas em bens industriais, serviços e investimentos.
Terminou-o, pela voz de Arancha
González, reclamando de que a liberalização da importação de
bens não-agrícolas pelo Mercosul
se dará ao final de dez anos para
60% deles e que falta melhorar a
oferta em transporte marítimo,
serviços financeiros, telecomunicações e compras governamentais. O Mercosul faz o mesmíssimo teste de limites, diz Mário
Mugnaini secretário-geral da Camex: "Se não melhorarem a oferta, não dá para fechar o acordo".
Testar limites é clássico em toda
negociação. O problema começa
quando se estreitam os prazos para que os parceiros entendam e
aceitem os limites dos outros. É
nessa fase crucial que está a negociação Mercosul/UE.
(CR)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Integração: Otimismo do Mercosul se torna "banho de água fria" Índice
|