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Fed diz que já tem estratégia para conter risco de inflação
Para Bernanke, no entanto, juro ainda continuará baixo por um período "extenso"
Presidente do BC dos EUA
afirma que será preciso tentar
abortar na raiz o risco de onda
inflacionária disparada pelos
estímulos contra a recessão
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O presidente do Federal Reserve (BC dos EUA), Ben Bernanke, disse ontem que o órgão
já tem pronta uma "estratégia
de saída" da atual política expansionista, de relaxamento
fiscal e de juros baixos. Mas frisou que ainda não é o momento
de aplicá-la.
Embora a economia do país
comece a dar sinais de reação,
os juros continuarão baixos por
um "período excepcionalmente extenso", disse. Mas devem
subir quando a inflação voltar a
se apresentar com um risco.
Em depoimento no Congresso dos EUA, Bernanke instou
os principais bancos centrais
do mundo a se prepararem para o mesmo movimento quando a economia global der novos
sinais de vida.
Ele frisou que será preciso
tentar abortar na raiz o risco de
uma onda inflacionária disparada pela atual enxurrada de
estímulos adotados para tentar
tirar o mundo da recessão.
Enquanto a administração
Barack Obama quer ampliar os
poderes do Fed, Bernanke vem
sendo questionado por parlamentares sobre a necessidade
de acumular mais tarefas e a
respeito dos planos para além
da maior onda expansionista
em termos fiscais desde a Segunda Guerra.
Um dos temores centrais, já
expressado abertamente pelo
governo da China, é que os gastos trilionários dos EUA nesta
crise tragam descontrole tanto
para as contas públicas norte-americanas como para a inflação. Como os chineses têm
grande parte de suas reservas
internacionais denominadas
em dólares, a inflação corroeria
esses ativos.
Bernanke afirmou que há
uma estratégia contra a inflação, mas que ela não deve ser
colocada em prática ainda porque a alta de preços por enquanto não preocupa.
Segundo ele, a taxa de desemprego em 9,5% (14 milhões
de desempregados), os preços
dos imóveis ainda em queda (de
18% nos últimos 12 meses) e a
contração do crédito nos EUA
ainda podem "comprometer a
recente estabilização nos gastos das famílias".
"Estamos seguros de que temos os instrumentos para aumentar as taxas de juros quando se tornar necessário atingir
nosso objetivo de maior nível
de emprego possível com estabilidade de preços", afirmou.
O presidente do Fed disse
que, em parte, a forte injeção de
oferta de dinheiro público nos
piores meses da crise já retrocedeu. Segundo ele, de US$ 1,5
trilhão em linhas de crédito de
curto prazo (para empréstimos
entre bancos e empresas) que o
Fed concedeu no final de 2008,
há menos de US$ 600 bilhões
hoje no mercado.
Quando a oferta de dinheiro
de um banco central diminui, o
custo de captação (o juro) pago
por bancos e empresas para
operarem tende a crescer -segundo a mesma lei da oferta e
procura de qualquer produto.
Há alguns meses, o Fed também recebeu autorização do
Congresso para pagar 0,25% ao
ano por recursos mantidos por
bancos em suas carteiras.
Quando a economia melhorar e os bancos quiserem tirar o
dinheiro do Fed para emprestar ao setor privado a um custo
maior do que o 0,25% (e lucrar
mais), o banco central pode aumentar a remuneração. Isso
desestimularia os bancos a tirar
os recursos do Fed e emprestar
ao mercado. Com menos dinheiro circulando, a inflação
tende a ser menor.
Além disso, o Fed poderá
simplesmente aumentar a taxa
básica de juros no país, hoje entre zero e 0,25%, reduzindo o
ímpeto por crédito em toda a
economia.
"Vamos calibrar o momento
e o ritmo desse aperto [monetário], com um "mix" de nossos
vários instrumentos", disse
Bernanke.
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