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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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FIM DO SUFOCO?

BC anuncia maior entrada de capital estrangeiro no país em 2003 e defende gradualismo no corte dos juros

Investimento direto em julho é o maior do ano

DA REDAÇÃO

Os investimentos estrangeiros diretos recebidos pelo Brasil se recuperaram no mês passado, segundo dados do Banco Central. Em julho, o ingresso de capital externo totalizou US$ 1,247 bilhão, o maior resultado mensal do governo Lula. Esses investimentos sofreram forte queda ao longo do primeiro semestre.
O governo atribui o saldo positivo de julho a um aumento da confiança dos estrangeiros no Brasil. O mercado financeiro concorda parcialmente. Alguns bancos calculam que 65% desse valor reflete operações de conversão, em que dívidas são transformadas em investimentos, sem que haja uma maior entrada real de dólares no país. Usando uma metodologia diferente da dos bancos, o governo diz que as conversões foram de apenas 24,5%.
Nos últimos 12 meses encerrados em julho, a conta de transações correntes -um dos indicadores da vulnerabilidade externa de um país- ficou positiva em US$ 2,568 bilhões, ou 0,57% do PIB (Produto Interno Bruto).
A melhoria nas contas externas se deve ao desempenho da balança comercial, que tem registrado saldos recordes. De janeiro a julho, o superávit acumulado é de US$ 12,454 bilhões. A conta de transações correntes reflete todas as negociações de bens e serviços feitas entre o Brasil e o exterior.
A divulgação das contas externas ocorreu um dia depois de o BC ter surpreendido positivamente o setor produtivo ao reduzir sua taxa básica de juros a 22%.
Ontem, o presidente do BC, Henrique Meirelles, negou que o corte signifique uma correção da política monetária ou o abandono da tendência de redução gradual dos juros.
"Ser gradual não é repetir necessariamente a cada reunião, de forma constante, decisões tomadas em reuniões anteriores", afirmou.
Meirelles sinalizou ainda que cortes mais agressivos não vão necessariamente se repetir nos próximos meses. "Se um choque tende a elevar a inflação, então a resposta adequada é um aumento rápido dos juros, seguido de uma reversão relativamente mais lenta", disse o presidente do BC.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) apoiou a decisão do BC e elogiou a atuação do órgão nos últimos meses.
"O corte no juro demonstra a continuidade da convergência da inflação em direção às metas fixadas", disse o porta-voz do Fundo, Thomas Dawson. Dawson lembrou que, nos últimos três meses, o BC já reduziu os juros em 4,5 pontos. "A política monetária continua firmemente orientada para atingir as metas de inflação, e apoiamos a atual política do BC."
Dawson afirmou também que as metas do atual acordo entre o Brasil e o Fundo vêm "alcançando uma performance muito boa".
"O governo está encaminhando as reformas tributária e da Previdência no Congresso, e as autoridades seguem demonstrando uma firme resolução em implementar seu programa econômico", afirmou.


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