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FIM DO SUFOCO?
BC anuncia maior entrada de capital estrangeiro no país em 2003 e defende gradualismo no corte dos juros
Investimento direto em julho é o maior do ano
DA REDAÇÃO
Os investimentos estrangeiros
diretos recebidos pelo Brasil se recuperaram no mês passado, segundo dados do Banco Central.
Em julho, o ingresso de capital externo totalizou US$ 1,247 bilhão, o
maior resultado mensal do governo Lula. Esses investimentos sofreram forte queda ao longo do
primeiro semestre.
O governo atribui o saldo positivo de julho a um aumento da confiança dos estrangeiros no Brasil.
O mercado financeiro concorda
parcialmente. Alguns bancos calculam que 65% desse valor reflete
operações de conversão, em que
dívidas são transformadas em investimentos, sem que haja uma
maior entrada real de dólares no
país. Usando uma metodologia
diferente da dos bancos, o governo diz que as conversões foram de
apenas 24,5%.
Nos últimos 12 meses encerrados em julho, a conta de transações correntes -um dos indicadores da vulnerabilidade externa
de um país- ficou positiva em
US$ 2,568 bilhões, ou 0,57% do
PIB (Produto Interno Bruto).
A melhoria nas contas externas
se deve ao desempenho da balança comercial, que tem registrado
saldos recordes. De janeiro a julho, o superávit acumulado é de
US$ 12,454 bilhões. A conta de
transações correntes reflete todas
as negociações de bens e serviços
feitas entre o Brasil e o exterior.
A divulgação das contas externas ocorreu um dia depois de o
BC ter surpreendido positivamente o setor produtivo ao reduzir sua taxa básica de juros a 22%.
Ontem, o presidente do BC,
Henrique Meirelles, negou que o
corte signifique uma correção da
política monetária ou o abandono
da tendência de redução gradual
dos juros.
"Ser gradual não é repetir necessariamente a cada reunião, de forma constante, decisões tomadas
em reuniões anteriores", afirmou.
Meirelles sinalizou ainda que
cortes mais agressivos não vão
necessariamente se repetir nos
próximos meses. "Se um choque
tende a elevar a inflação, então a
resposta adequada é um aumento
rápido dos juros, seguido de uma
reversão relativamente mais lenta", disse o presidente do BC.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) apoiou a decisão do BC
e elogiou a atuação do órgão nos
últimos meses.
"O corte no juro demonstra a
continuidade da convergência da
inflação em direção às metas fixadas", disse o porta-voz do Fundo,
Thomas Dawson. Dawson lembrou que, nos últimos três meses,
o BC já reduziu os juros em 4,5
pontos. "A política monetária
continua firmemente orientada
para atingir as metas de inflação, e
apoiamos a atual política do BC."
Dawson afirmou também que
as metas do atual acordo entre o
Brasil e o Fundo vêm "alcançando
uma performance muito boa".
"O governo está encaminhando
as reformas tributária e da Previdência no Congresso, e as autoridades seguem demonstrando
uma firme resolução em implementar seu programa econômico", afirmou.
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