São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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CRISE NO AR

Empregados buscam unir-se à Fundação Ruben Berta para chegar ao governo e discutir formas de salvar a empresa

Funcionários tentam pacto com dona da Varig

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após uma história de conflitos com a Fundação Ruben Berta, e no momento em que o governo discute o socorro à Varig, representantes dos funcionários ensaiam uma aproximação com a controladora da empresa aérea.
Dois fatores ajudam a explicar a situação, que, por enquanto, não vai muito além de acenos entusiasmados dos trabalhadores na tentativa de trazer a FRB para o lado dos funcionários nas negociações por uma solução.
Todas as possibilidades aventadas para reestruturar a Varig, cuja dívida é avaliada em US$ 2,1 bilhões, envolvem a participação societária extremamente reduzida da FRB -que hoje representa 87% do capital votante da empresa. No melhor dos mundos, ela teria 5% da empresa.
Paralelamente, os trabalhadores -que estão entre os principais credores da Varig- afirmam que até agora não foram chamados à mesa de negociação.
"O governo monta planos que não se sabe quais são e o trabalhador nem foi ouvido. Estamos tentando insistentemente conversar com ministros e com o próprio presidente [Lula] para mostrar que os funcionários também têm propostas", diz o presidente da Apvar (Associação dos Pilotos da Varig), Rodrigo Marocco.
A Apvar, em parceria com outras associações representativas de trabalhadores da empresa, defende a transformação dos créditos previdenciários dos trabalhadores em ações da companhia.
Os débitos da Varig com o fundo de pensão Aerus são estimados pelos funcionários em R$ 2 bilhões. A empresa reconhece menos da metade desse valor.

Propostas
Uma proposta já foi apresentada em 2003 ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas não despertou interesse do governo.
O plano envolve ainda aportes de capital -"temos investidores interessados", diz Marocco- e a conversão em ações dos débitos da empresa com outros credores, estatais ou privados.
E, por fim, que a FRB tenha uma participação maior do que a cogitada até agora. "Seria uma participação minoritária, mas muito melhor do que o que vem sendo proposto", afirma. "A Varig é viável. Se pudermos unir forças com a fundação, fica muito mais fácil", completa.
Segundo Roberto Santos, assessor da Amvvar (Associação dos Mecânicos de Vôo da Varig), os funcionários estão "buscando entendimento com a fundação para ver se conseguem chegar ao governo". "Através de interlocutores, temos tentado uma aproximação com a fundação. Temos recebido algumas respostas animadoras, e outras nem tanto."
"Queremos uma Varig mais ágil, que possa competir melhor no mercado", reforça Reynaldo Filho, presidente da Acvar (Associação dos Comissários da Varig). A Varig possui hoje 15 mil funcionários, incluindo os da VEM (Varig Engineering & Maintenance) e da Varig Log.
Além da falta de diálogo com o governo, preocupam os funcionários as soluções que envolvam cisão ou controle da Varig pelo governo. Conforme a Folha publicou na semana passada, o governo dialoga com grupos interessados em criar uma nova empresa aérea que herdaria as concessões de linhas internacionais da atual Varig, a melhor fatia de mercado.
Essa solução envolveria a quebra da Varig, já que haveria uma separação entre a parte "boa", que seria essa empresa internacional, e a "podre" da companhia. "Somos contra qualquer plano que envolva cisão ou estatização da companhia", diz Marocco.


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