São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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Emprego formal reage, mas não bate 2005

Após 4 meses de queda, criação de vagas com carteira assinada volta a crescer; acumulado em 2006 ainda perde para o do ano passado

Com aumento de 34% em julho, puxado pelo setor de serviços, resultado em sete meses chega a 1,078 milhão de novos postos no país

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O mercado de trabalho formal voltou a dar sinais de recuperação. Depois de quatro meses seguidos em que o número de vagas criadas ficou abaixo dos resultados verificados em 2005, o crescimento do emprego com carteira assinada mostrou novo fôlego em julho. No mês passado, foram gerados 154.357 postos -31,4% a mais que em julho de 2005.
Na análise do ano, porém, o número de empregos criados vem minguando mês a mês desde abril. No início do período, a geração mensal de postos estava em 229.803. O Ministério do Trabalho avalia que não se trata de uma tendência, pois esse movimento é típico nesta fase do ano. "Essa comparação não está correta. É uma maneira equivocada de olhar o resultado", argumenta o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Segundo ele, a comparação correta deve ser feita com igual mês dos demais anos. Ele acrescenta que, tradicionalmente, o ritmo de geração de emprego diminui a partir de abril e volta a se recuperar entre agosto e outubro.
Técnicos do ministério salientam ainda que a variação de junho para julho (número de novas vagas reduziu-se em 0,7%) mostra estabilidade dos dados (veja no quadro ao lado), enquanto nos anos anteriores havia uma clara diminuição na quantidade de empregos criados no país.
Os números do emprego com carteira assinada fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O levantamento é divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e reflete o desempenho do mercado de trabalho formal, exceto funcionalismo público e empregados domésticos.
Em julho, os setores que mais contribuíram para a ampliação do mercado de trabalho foram serviços (52.118 novos postos), comércio (28.085 vagas) e agricultura (27.748 empregos). No caso da indústria da transformação, foram criados 20.993 postos, resultado bem acima do registrado em julho do ano passado (6.119 vagas).
Para Marinho, segmentos como calçados e madeira e mobiliário, que desde o ano passado vinham demitindo trabalhadores, começaram a esboçar uma reação. "Há uma combinação de fatores. Pode ser resultado das medidas de câmbio ou das mudanças no crédito", declarou o ministro. Recentemente o governo anunciou alterações nas regras cambiais e uma linha de crédito especial para esses setores.

Retomada
O governo aposta que já neste mês será possível notar uma retomada mais evidente do emprego formal. A expectativa é que o segundo semestre apresente resultados melhores que os apurados nos seis primeiros meses do ano. Isso permitirá que 2006 seja um ano "ligeiramente" melhor que 2005 para o mercado de trabalho formal, avalia Marinho.
"Até o final do ano, vamos ver que 2006 será um pouquinho melhor que 2005. Não podemos querer que seja igual a 2004, que vinha de uma base baixa de comparação. O importante é que o aumento do emprego seja contínuo", afirmou.
No acumulado do ano, o mercado de trabalho formal já contabiliza 1,078 milhão de novos empregos. O resultado ainda é inferior ao dos sete primeiros meses de 2005: 1,083 milhão. O número fechado do ano passado é de 1,253 milhão de vagas. No governo Luiz Inácio Lula da Silva, o total de empregos formais alcança 4,5 milhões. Na campanha de 2002, o então candidato petista mencionou a intenção de gerar 10 milhões de empregos, mas sem detalhar se era somente no mercado formal ou não.


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