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Agrofolha
SDE pede a condenação de 8 frigoríficos
Empresas são acusadas de elaborar tabela de classificação para uniformizar critérios de compra de gado dos criadores
Documentos "evidenciam a existência de acordo entre as empresas para restringir e prejudicar a livre concorrência", diz secretaria
JULIANNA SOFIA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A SDE (Secretaria de Direito
Econômico) pediu ontem a
condenação de oito grandes frigoríficos do país -entre eles o
maior da América Latina- e de
13 diretores dessas empresas
por suposta formação de cartel
na compra de gado para abate.
O parecer enviado ao Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica) recomenda
a aplicação de multa aos acusados, que atuavam em diversas
regiões brasileiras.
Os frigoríficos são: Minerva,
Mataboi, Estrela D'Oeste, Marfrig, Bertin, Frigol, Franco Fabril e Friboi -o quarto maior
do mundo. Outros três chegaram a ser investigados pela secretaria, mas o relatório concluiu pelo arquivamento das
acusações.
Segundo o parecer da SDE, os
frigoríficos fizeram um acordo
e elaboraram uma tabela de
classificação para uniformizar
os critérios de compra de gado
dos criadores. Isso incluía um
deságio no preço pago ao pecuarista, de acordo com o peso
e as características do animal.
Tal tabela teria sido combinada em reunião em São José
do Rio Preto (SP) no dia 24 de
janeiro do ano passado. Depois
do encontro, a tabela teria sido
distribuída aos departamentos
de compra e a representantes
comerciais das empresas.
As investigações da SDE sobre o suposto cartel começaram a partir de denúncias da
CNA (Confederação Nacional
da Agricultura) e da Comissão
de Agricultura da Câmara. Em
representação encaminhada à
secretaria, a entidade acusou as
empresas de estarem exercendo abusivamente posição dominante nos mercados de compra, processamento e comercialização de gado bovino.
Depois de apurações preliminares, em junho do ano passado, a SDE decidiu instaurar um
processo administrativo contra
as empresas para analisar os indícios de cartelização. O processo, que tem mais de 3.000
páginas de dados e documentos, será julgado pelo Cade.
"Verifica-se que os referidos
documentos evidenciam a existência de um acordo entre as
empresas frigoríficas com a finalidade de restringir e prejudicar a livre concorrência no
setor de abate de gado bovino
nas diversas regiões brasileiras", diz o parecer da secretaria.
Ao longo das investigações, a
secretaria também concluiu
que a reunião ocorrida em janeiro do ano passado não foi
um fato isolado. Tais encontros
ocorriam com freqüência. Em
sua defesa, as empresas chegaram a argumentar que o encontro de janeiro foi marcado para
discutir os aspectos tributários
de uma medida provisória.
A SDE diz que a reunião não
contou com a presença de nenhum advogado ou assessor jurídico, embora alegadamente
se tratasse de reunião técnica.
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