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ALIMENTOS
Cia. Hering pode transferir o controle acionário da empresa por um valor de no mínimo US$ 400 milhões
Ceval deve ser vendida ao grupo Bunge
VANESSA ADACHI
MAURO ARBEX
da Reportagem Local
A Cia. Hering confirmou ontem
que negocia com o grupo argentino Bunge y Born a venda do controle acionário da Ceval Alimentos, uma das maiores indústrias do
setor no Brasil. A Hering detém o
controle acionário da Ceval.
A confirmação veio por meio de
notas encaminhadas pela Hering e
pela Ceval à CVM (Comissão de
Valores Mobiliários) e às Bolsas.
A Cia. Hering informou ter convocado uma assembléia geral para
discutir a cisão parcial do grupo. A
medida visaria facilitar as negociações para a venda do controle acionário da Ceval.
O diretor de relações com o mercado da Ceval, Antônio Carlos Silva, disse que a Hering está "em
entendimentos com a Bunge International, que, se concretizados,
poderão resultar na transferência
do controle acionário da Ceval".
O negócio era dado como certo
ontem, segundo apurou a Folha
no mercado. As duas empresas já
teriam assinado uma carta de intenções e agora seria dado início a
uma auditoria interna na Ceval para se chegar ao preço final. A venda
pode ser concretizada na próxima
semana.
Analistas do mercado avaliam
que a Ceval -a maior esmagadora
de soja do país e grande exportadora de óleos vegetais- teria seu
controle acionário transferido por
no mínimo US$ 400 milhões.
A cifra poderia crescer, já que o
novo controlador ficaria também
com as marcas já consagradas de
produtos da Ceval, como o óleo
Soya, a margarina All Day e as carnes da linha Seara.
Ações suspensas
Ontem, logo no início do dia, a
CVM suspendeu a negociação das
ações da Ceval nas Bolsas de Valores, em razão dos fortes rumores
de que o negócio já estaria fechado. As ações preferenciais (sem direito a voto) da Ceval vinham caindo nos últimos dias após surgirem
rumores sobre a venda.
As ações preferenciais da Cia.
Hering também foram suspensas
às 16h de ontem e só devem voltar
ao pregão às 11h de hoje. Antes de
serem suspensos, os papéis haviam subido 10,3%.
Os entendimentos com o grupo
Bunge começaram há apenas duas
semanas, após naufragarem as negociações com a Cargill. A Folha
apurou que a Cia. Hering e a Cargill não chegaram a um acordo sobre o valor de venda da Ceval.
O interesse da Bunge na Ceval se
explica, conforme analistas do setor, pela necessidade de o grupo
argentino se expandir na área de
alimentos, que ele definiu como
uma de suas prioridades no Brasil.
O grupo Bunge já controla a Santista Alimentos e, por intermédio
dela, adquiriu várias empresas do
setor nos últimos dois anos no
país, como a Pullman Alimentos e
a Plus Vita, da área de pães, e a Incobrasa, maior esmagadora de soja do Rio Grande do Sul.
Especulações de que a Santista
Alimentos possa incorporar a Ceval, já que é o braço do setor de
alimentos da Bunge no Brasil, fizeram suas ações subirem 14,2% no
pregão de ontem da Bovespa.
Além de incrementar a área de
óleos vegetais, sabe-se que a compra da Ceval será a realização de
um antigo sonho para o grupo
Bunge. Desde que foi frustrada a
aquisição da Perdigão, a empresa
deseja ter uma divisão de carnes.
Para a Cia. Hering, a venda da
Ceval representaria uma importante capitalização, já que sua área
têxtil vem enfrentando dificuldades com a concorrência dos importados.
A Ceval, por seu lado, está neste
ano numa situação financeira confortável, após os prejuízos registrados no primeiro semestre do
ano passado.
Com a recuperação dos preços
internacionais da soja, a Ceval teve
um lucro líquido de R$ 55,7 milhões no primeiro semestre deste
ano e uma receita bruta de US$
1,498 bilhão. Desse total, cerca de
US$ 837 milhões foram obtidos
com exportações.
A Cia. Hering detém 38,5% do
capital total da Ceval e cerca de
80% das ações ordinárias (com direito a voto). Até ontem, não se sabia se a Hering transferiria a totalidade das ações que possui na Ceval
ou apenas uma parcela do capital.
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