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Risco cambial dobra nos papéis
argentinos medidos em pesos
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
O risco de uma desvalorização
do peso argentino mais que dobrou desde abril, segundo relatório da FC (Fundação Capital),
consultoria que assessora mais de
140 empresas na Argentina. Em
abril, o risco cambial era de 200
pontos básicos. Agora, está acima
de 400 pontos.
Esse índice é calculado pela diferença entre a taxa de juros paga
por títulos da dívida externa argentina emitidos em dólar e a taxa
dos títulos emitidos em peso. Ele
mede o risco de longo prazo, pois
trabalha com bônus, cujo vencimento é de dois anos.
Segundo Carlos Pérez, diretor-executivo da Fundação Capital, a
diferença mostra que o investidor
está exigindo um prêmio cada vez
maior para emprestar em peso,
pois está mais desconfiado que
parte do rendimento pode ser comido por uma desvalorização. Na
hora de receber os pesos que o governo argentino lhe deve, o investidor conseguiria menos dólares
na conversão.
O patamar atual do risco cambial é o mesmo atingido quando
da desvalorização do real, em janeiro. O que preocupa a direção
da FC, no entanto, é que desta vez
a desconfiança está se prolongando. "Na crise Russa e na crise do
Brasil houve uma subida rápida,
que logo cedeu", diz o consultor.
Mas, para Pérez, é quase impossível que a Argentina desvalorize
nos próximos seis meses, devido
ao nível de reservas internacionais e ao fato de o país já ter conseguido os dólares para pagar os
compromissos deste ano.
O relatório da FC destaca que a
diferença entre o risco cambial de
longo prazo e o de curto prazo
(diferença entre a remuneração
dos depósitos em dólar e em peso) aumentou de uma média histórica de 100 pontos para cerca de
300 pontos, indicando um período de certa tranquilidade.
Mas esse mesmo indicador
preocupa, pois "eleva a incerteza
entre os investidores sobre a capacidade de sustentação no médio e longo prazo do atual esquema cambial (1 peso = 1 dólar)",
diz o relatório.
Daqui a seis meses, a conversibilidade não está tão garantida, na
opinião de Pérez. "Para uma melhora de competitividade, que
não seja traumática (referindo-se
à desvalorização), o país precisa
encarar um série de reformas estruturais", diz ele.
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