São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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Desemprego estaciona em 10,6%; renda sobe 0,7%

Taxa está estagnada há 6 meses e revela que mais pessoas buscam vagas, diz IBGE

Taxa costuma cair no 2º semestre, mas número de trabalhadores procurando emprego é 17,2% maior em relação a agosto de 2005

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou estatisticamente estável em agosto, em 10,6%, contra 10,7% de julho. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há seis meses a taxa permanece estatisticamente estável.
Tradicionalmente a taxa de desemprego começa a cair a partir de meados do segundo trimestre, o que não aconteceu neste ano. Na avaliação do IBGE, o mercado de trabalho se tornou mais atraente com o aumento do emprego formal e da renda. Com isso, mais pessoas começaram a buscar trabalho, o que explicaria a alta taxa.
De julho para agosto, o mercado de trabalho absorveu mais 226 mil pessoas. Na comparação com agosto de 2005, foram criados 558 mil postos. "O bom cenário econômico tornou o mercado atrativo, estimulando as pessoas a procurar trabalho", afirmou Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa.
O número de pessoas em busca de trabalho registrou um aumento de 17,2% em relação a agosto de 2005, o que significa que mais 355 mil pessoas começaram a procurar emprego.
"Um mercado positivo de verdade deveria absorver todo mundo que está procurando emprego, mas isso depende de um maior crescimento econômico, de reformas e de maior flexibilidade nas contratações", disse Guilherme Maia, analista da consultoria Tendências.
Um dos principais fatores de atração do mercado de trabalho hoje é o rendimento, que cresceu puxado pela formalização. O número de empregados com carteira cresceu 5,9% na comparação com agosto de 2005, equivalente a mais 472 mil pessoas. O rendimento voltou a crescer em agosto, com expansão de 0,7% em relação a julho e de 3,5% na comparação com agosto do ano passado. O rendimento médio da população ocupada ficou em R$ 1.036,20.
Segundo Marcelo de Ávila, economista do Ipea, a melhora na renda pode ser explicada pelo aumento do salário mínimo e da formalização e também pela inflação em baixa. Além disso, ele destaca a melhora dos acordos salariais.

Piora sensível
A análise do desempenho do mercado de trabalho no governo Lula mostra que o país teve avanços significativos, mas que em 2006 houve uma sensível piora de alguns indicadores. "Houve uma mudança estrutural no mercado de trabalho. Em 2003, houve forte expansão do emprego, mas o que surgiu foi um emprego de má qualidade. As vagas agora têm mais qualidade", disse. A taxa média de desocupação de janeiro a agosto de 2003 foi de 12,4%. Em igual período de 2006, o indicador havia recuado para 10,3%, mas já havia sido menor no ano passado, quando havia atingido o patamar de 10,1%.


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