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Alta de alimentos perde fôlego, e inflação recua
Leite e carne sobem menos, e IPCA-15 se desacelera de 0,42% para 0,29% em setembro
Variação de alimentos, que havia sido de 1,61% em agosto, recua para 0,87%; para economista, pressão
tende a diminuir mais
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Com a perda de força dos
preços de alimentos, o IPCA-15
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) subiu 0,29% em
setembro. No mês passado, o
índice se acelerou acima das
projeções (0,42%) e trouxe dúvidas sobre a continuidade da
trajetória de corte dos juros.
Analistas ouvidos pela Folha
Online previam alta de 0,30% a
0,45%. No ano, o índice acumula crescimento de 3,15%, e, nos
últimos 12 meses, de 4,20%. O
IPCA-15 tem a mesma metodologia do IPCA -referência para
a meta de inflação do governo,
neste ano em 4,5%-, mas com
dadas diferentes de coleta.
Segundo o IBGE, que divulga
o índice, o comportamento da
inflação pode ser explicado pela perda de fôlego do grupo Alimentos, que passou de alta de
1,61%, em agosto, para 0,87%.
O ritmo de alta de itens da
cesta do consumidor como leite e derivados, carnes e pão
francês se desacelerou em setembro. Enquanto em agosto a
alta havia sido de 10,62%, em
setembro ficou em 1,98%. O
preço do leite pasteurizado,
que em agosto atingiu 13,91%,
variou 0,21% em setembro. As
carnes passaram de alta de
4,21% para 1,46%, e o pão francês, de 1,86% para 0,64%.
Por outro lado, o preço do feijão-preto passou de 3,64% para
4,76%, e o feijão carioca, de
2,77% para 5,25%. Os preços do
arroz subiram 3,23% em setembro, ante queda de 0,15%
em agosto. O óleo de soja se
acelerou, de 1,61% para 3,74%.
"A inflação está sob controle.
Ainda estamos sentindo o impacto dos alimentos, principalmente da parte dos grãos, mas a
idéia é que até o fim do ano essa
pressão comece a diminuir. A
sensação é de alívio", diz Maria
Andréia Parente, economista
da Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômico Aplicada).
Segundo Parente, os alimentos podem estar passando por
uma recomposição de preços,
já que, em 2006, foram o principal aliado para conter a inflação. "A princípio, não é uma
trajetória crescente de preços."
As maiores quedas vieram
dos combustíveis: gasolina (de
-0,70% para -0,86%), álcool (de
-5,65% para -2,08%) e da telefonia fixa (de 1,02% para
-0,92%). No caso do telefone fixo, a queda foi conseqüência da
redução do valor da conta média nas regiões metropolitanas
de Belo Horizonte, Recife, Belém, Fortaleza e Salvador, influenciada pela mudança da cobrança de pulso para minutos.
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) Carlos Thadeu de Freitas
vê espaço para continuidade da
queda de juros -hoje, em
11,25%. Ele cita a desaceleração
dos preços agrícolas no atacado
captados pelos IGPs, a acomodação da produção industrial e
a decisão do Fed (BC dos EUA)
de cortar os juros.
"Não há motivo até onde a
vista enxerga para preocupações. O Banco Central pode
continuar cortando em 0,25
ponto e pode fazer um ata menos preocupante", afirmou.
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