São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Alta de alimentos perde fôlego, e inflação recua

Leite e carne sobem menos, e IPCA-15 se desacelera de 0,42% para 0,29% em setembro

Variação de alimentos, que havia sido de 1,61% em agosto, recua para 0,87%; para economista, pressão tende a diminuir mais

CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Com a perda de força dos preços de alimentos, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) subiu 0,29% em setembro. No mês passado, o índice se acelerou acima das projeções (0,42%) e trouxe dúvidas sobre a continuidade da trajetória de corte dos juros.
Analistas ouvidos pela Folha Online previam alta de 0,30% a 0,45%. No ano, o índice acumula crescimento de 3,15%, e, nos últimos 12 meses, de 4,20%. O IPCA-15 tem a mesma metodologia do IPCA -referência para a meta de inflação do governo, neste ano em 4,5%-, mas com dadas diferentes de coleta.
Segundo o IBGE, que divulga o índice, o comportamento da inflação pode ser explicado pela perda de fôlego do grupo Alimentos, que passou de alta de 1,61%, em agosto, para 0,87%.
O ritmo de alta de itens da cesta do consumidor como leite e derivados, carnes e pão francês se desacelerou em setembro. Enquanto em agosto a alta havia sido de 10,62%, em setembro ficou em 1,98%. O preço do leite pasteurizado, que em agosto atingiu 13,91%, variou 0,21% em setembro. As carnes passaram de alta de 4,21% para 1,46%, e o pão francês, de 1,86% para 0,64%.
Por outro lado, o preço do feijão-preto passou de 3,64% para 4,76%, e o feijão carioca, de 2,77% para 5,25%. Os preços do arroz subiram 3,23% em setembro, ante queda de 0,15% em agosto. O óleo de soja se acelerou, de 1,61% para 3,74%.
"A inflação está sob controle. Ainda estamos sentindo o impacto dos alimentos, principalmente da parte dos grãos, mas a idéia é que até o fim do ano essa pressão comece a diminuir. A sensação é de alívio", diz Maria Andréia Parente, economista da Ipea (Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada).
Segundo Parente, os alimentos podem estar passando por uma recomposição de preços, já que, em 2006, foram o principal aliado para conter a inflação. "A princípio, não é uma trajetória crescente de preços."
As maiores quedas vieram dos combustíveis: gasolina (de -0,70% para -0,86%), álcool (de -5,65% para -2,08%) e da telefonia fixa (de 1,02% para -0,92%). No caso do telefone fixo, a queda foi conseqüência da redução do valor da conta média nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife, Belém, Fortaleza e Salvador, influenciada pela mudança da cobrança de pulso para minutos.
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) Carlos Thadeu de Freitas vê espaço para continuidade da queda de juros -hoje, em 11,25%. Ele cita a desaceleração dos preços agrícolas no atacado captados pelos IGPs, a acomodação da produção industrial e a decisão do Fed (BC dos EUA) de cortar os juros.
"Não há motivo até onde a vista enxerga para preocupações. O Banco Central pode continuar cortando em 0,25 ponto e pode fazer um ata menos preocupante", afirmou.


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