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NEGOCIAÇÃO
Dívida da companhia, que soma US$ 900 milhões, vai ter seis meses de carência para o pagamento dos juros
Acordo com credor dá fôlego para a Varig
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A Varig e seus principais credores acertaram ontem um acordo
que, segundo um dirigente de
uma das empresas credoras, dará
fôlego à empresa pelo menos até o
final deste ano.
A dívida da Varig soma cerca de
US$ 900 milhões (cerca de R$ 3,5
bilhões). A empresa não forneceu
nenhuma informação oficial até o
final da tarde de ontem.
O acordo, segundo o executivo
ouvido pela Folha, que preferiu
não se identificar, estabelece que a
Varig ficará seis meses sem pagar
os juros da dívida.
Em troca, a companhia área se
compromete a não mais gerar déficits operacionais, o que deve resultar em cortes de despesas.
O contrato, segundo o dirigente,
perde o valor se a Varig voltar a
atrasar compromissos a vencer
com os participantes do acordo,
que tentam resolver os problemas
da empresa .
O acerto é parte de um acordo
maior que tem o objetivo de sanear de vez a dívida da companhia aérea. A negociação prevê
que cada credor irá transformar
em participação acionária na empresa um terço do que tem a receber.
Entre os principais credores da
Varig estão o Unibanco, a Boeing,
a GE Capital, a Infraero, o Banco
do Brasil e a BR Distribuidora,
empresa do grupo Petrobras que
fornece combustível para os
aviões. Além de credor, o Unibanco assessora financeiramente o
comitê de credores. Somente para
a BR a Varig deve cerca de R$ 150
milhões.
Participação do BNDES
A tentativa de ajuste global da
dívida da Varig deverá contar
com a participação do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A participação do banco estatal
no pacote de ajuda à empresa vinha sendo condicionada a que a
Varig liquidasse ou renegociasse
seus débitos com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Pela legislação federal o BNDES
não pode emprestar dinheiro a
empresas que estejam em atraso
com pagamento de tributos. O
BNDES exigia também que o pacote de reestruturação da Varig
fosse considerado atraente para o
mercado como um todo.
Pelo acordo que está sendo concluído, o BNDES participará também com um terço da capitalização que será feita na Varig. A participação deverá ser por meio da
compra de debêntures (tipo de título de crédito) conversíveis em
ações da empresa.
Sem manifestação
A única manifestação oficial feita pela Varig ontem foi o envio à
Bolsa de Valores de São Paulo de
uma nota informando que economizará R$ 62 milhões por ano
com a fusão das três empresas aéreas do grupo (Varig, Rio Sul e
Nordeste), recentemente anunciada.
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