São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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NEGOCIAÇÃO

Dívida da companhia, que soma US$ 900 milhões, vai ter seis meses de carência para o pagamento dos juros

Acordo com credor dá fôlego para a Varig

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Varig e seus principais credores acertaram ontem um acordo que, segundo um dirigente de uma das empresas credoras, dará fôlego à empresa pelo menos até o final deste ano.
A dívida da Varig soma cerca de US$ 900 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões). A empresa não forneceu nenhuma informação oficial até o final da tarde de ontem.
O acordo, segundo o executivo ouvido pela Folha, que preferiu não se identificar, estabelece que a Varig ficará seis meses sem pagar os juros da dívida.
Em troca, a companhia área se compromete a não mais gerar déficits operacionais, o que deve resultar em cortes de despesas.
O contrato, segundo o dirigente, perde o valor se a Varig voltar a atrasar compromissos a vencer com os participantes do acordo, que tentam resolver os problemas da empresa .
O acerto é parte de um acordo maior que tem o objetivo de sanear de vez a dívida da companhia aérea. A negociação prevê que cada credor irá transformar em participação acionária na empresa um terço do que tem a receber.
Entre os principais credores da Varig estão o Unibanco, a Boeing, a GE Capital, a Infraero, o Banco do Brasil e a BR Distribuidora, empresa do grupo Petrobras que fornece combustível para os aviões. Além de credor, o Unibanco assessora financeiramente o comitê de credores. Somente para a BR a Varig deve cerca de R$ 150 milhões.

Participação do BNDES
A tentativa de ajuste global da dívida da Varig deverá contar com a participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A participação do banco estatal no pacote de ajuda à empresa vinha sendo condicionada a que a Varig liquidasse ou renegociasse seus débitos com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Pela legislação federal o BNDES não pode emprestar dinheiro a empresas que estejam em atraso com pagamento de tributos. O BNDES exigia também que o pacote de reestruturação da Varig fosse considerado atraente para o mercado como um todo.
Pelo acordo que está sendo concluído, o BNDES participará também com um terço da capitalização que será feita na Varig. A participação deverá ser por meio da compra de debêntures (tipo de título de crédito) conversíveis em ações da empresa.

Sem manifestação
A única manifestação oficial feita pela Varig ontem foi o envio à Bolsa de Valores de São Paulo de uma nota informando que economizará R$ 62 milhões por ano com a fusão das três empresas aéreas do grupo (Varig, Rio Sul e Nordeste), recentemente anunciada.


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