São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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MS fará abate antes de confirmação

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ELDORADO (MS)

O governo de Mato Grosso do Sul anunciou ontem que irá abater animais com suspeita de febre aftosa antes mesmo da confirmação laboratorial da doença.
"Nós não vamos mais esperar a confirmação da aftosa por parte de laboratório porque demora de dez a 15 dias. Esses animais estavam no pasto e, com isso, proliferando [o vírus]. Se tiver qualquer denúncia, qualquer indício, vamos abater o animal", disse o secretário da Produção e Turismo do Estado, Dagoberto Nogueira.
Segundo o secretário, antes de abater o animal, será colhido material para análise laboratorial.
Nas três propriedades no município de Japorã (486 km de Campo Grande) onde os focos de aftosa já foram confirmados pelo Ministério da Agricultura, o abate ainda não foi iniciado.
Segundo o secretário, elas não representam risco de propagação do vírus, pois estão interditadas. O problema estaria nas propriedades onde há suspeita da doença, pois, nestes casos, não há interdição. A Folha esteve ontem em um lote do assentamento Savana, em Japorã (486 km de Campo Grande), onde havia suspeita da doença em duas novilhas.
Ontem, durante a audiência pública realizada no município de Eldorado (448 km de Campo Grande), onde foi confirmado o primeiro foco de febre aftosa do Estado, Nogueira disse que o governo federal dará o dinheiro necessário para indenizar os produtores que terão o rebanho abatido. Mas o secretário não estimou o número de cabeças de gado que terão que ser mortas na região.
Segundo o secretário, a indenização será paga pelo preço de mercado. Em Eldorado, já foram abatidas 584 cabeças de gado da fazenda Vezozzo. Outras 3.548 da fazenda Jangada começaram a ser mortas na quarta-feira. Mas uma decisão judicial ontem suspendeu o abate (leia texto nesta página).
Além do secretário da Produção, participaram da audiência os secretários Ralf Marques (Coordenação Geral de Governo) e Antônio Braga (Segurança Pública), além do diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), João Cavallero, e do delegado federal da Agricultura, José Felício.
Questionado se houve falha na fiscalização e sobre o motivo de o foco da doença não ter sido detectado antes, o secretário se irritou.
"[Não foi detectado antes] porque não somos adivinhões. Só foi detectado quando fomos comunicados. Não arruma falha. Estamos com muita presteza, nunca foi feito um trabalho como este. Pára de querer arrumar confusão", disse.
Cerca de 400 pessoas participaram da audiência. A maioria era de produtores rurais e funcionários do frigorífico Boifran, de Eldorado, que está parado desde a confirmação do foco.


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