São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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TRABALHO

Taxa com ajuste tem leve alta em outubro, de 7,6% para 7,7%, mas número de pessoas ocupadas sobe 2,2%, diz o IBGE

Desemprego cresce, mas mercado melhora

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em outubro, o desemprego ficou praticamente estável: a taxa com ajuste sazonal -livre de influências típicas de cada período- foi de 7,7%, contra 7,6% em setembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Sem o ajuste, o desemprego ficou em 7,4%, também quase igual a setembro (7,5%). É a segunda maior taxa para um mês de outubro na série histórica do IBGE, iniciada em 1982. Perde apenas para outubro de 1998 e de 1999, quando, em ambas os casos, foram registrados 7,5%.
Apesar de o desemprego ter tido leve crescimento na taxa ajustada, o IBGE identificou uma melhora no mercado de trabalho. Mais vagas estão sendo criadas, o que elevou o número de pessoas trabalhando em 2,2% em outubro. No ano, a geração de novos postos tem alta de 1,8%.
"Não se pode analisar só a taxa de desemprego. A ocupação está crescendo, puxada pelos setores de serviços e do comércio. O mercado de trabalho melhorou um pouco em relação ao ano passado", disse Shyrlene Ramos de Souza, economista do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE.
No acumulado do ano, o número de pessoas trabalhando no setor de serviços subiu 2,9% e no comércio, 2,5%. Na indústria, ficou praticamente estável -0,1%. Houve forte queda na construção civil, de 6,9%.
Segundo Souza, o que tem feito a taxa subir é a maior procura por trabalho. De janeiro a outubro, houve acréscimo de 22% no número de pessoas desocupadas ou procurando emprego.
"Mesmo com a crise e a instabilidade financeira, o fato de não terem sido fechados postos de trabalho é positivo", afirmou o economista Wilson Ramião, do banco Lloyds.
Ramião disse que a ligeira recuperação da economia nos últimos meses pode animar mais pessoas a procurar emprego. Isso, afirma, deve fazer a taxa de desemprego subir ainda mais por uma "pressão de demanda" -ou seja, o número de vagas criadas é insuficiente para absorver todos que buscam trabalho. Segundo ele, não será surpresa se a taxa bater em 8% neste ano.
Para Fábio Romão, economista da consultoria LCA, a alta do dólar -com impacto no aumento das exportações e na substituição de importações- e as contratações temporárias para as eleições explicam o crescimento da ocupação.
Ele afirma que a base de comparação é muito baixa por causa do racionamento de energia elétrica em 2001 e que uma recuperação mais firme só deve ocorrer no próximo ano.

Mais informalidade
Menos formais do que a indústria, os setores de comércio e de serviços têm sido responsáveis pelo aumento da informalidade. O número de contratações sem carteira de trabalho tem crescido num ritmo maior do que as com carteira assinada.
No acumulado do ano, o emprego formal cresceu 1,9%, enquanto que o sem registro subiu 4,1% na comparação com o mesmo período de 2001.

São Paulo
Com o maior peso na formação da taxa geral -cerca de 45%-, o desemprego em São Paulo foi o maior das seis regiões metropolitanas pesquisadas: 9,1%, sem levar em conta fatores sazonais.


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