NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos brasileiros são os que mais ganham quando o Banco Central decide elevar a taxa de juros. As instituições financeiras de capital nacional são as que mais aplicam seu dinheiro em títulos públicos corrigidos pela taxa Selic e, portanto, são os que conseguem os maiores lucros.
Os bancos estrangeiros, por sua vez, investem pouco em títulos da dívida interna e, quando o fazem, preferem adquirir papéis corrigidos pelo dólar, e não pela Selic.
Na última quarta-feira, o BC elevou os juros básicos da economia de 21% para 22% ao ano. A medida era defendida pela maioria dos bancos como necessária para manter o controle da inflação. Com essa elevação de um ponto percentual, o sistema financeiro poderá ganhar R$ 1,35 bilhão.
Esse será o lucro dos bancos com suas aplicações em títulos públicos caso a taxa de 22% seja mantida pelos próximos 12 meses -quanto mais tempo os juros ficarem nesse patamar, maiores os ganhos. A maior parte dos lucros vai ficar com os bancos nacionais.
Segundo levantamento feito pelo BC e pelo Tesouro Nacional, os bancos possuem aproximadamente R$ 135 bilhões em títulos públicos pós-fixados, que são corrigidos diariamente pela taxa Selic. Desse total, R$ 131 bilhões estão nas mãos de instituições nacionais, e apenas R$ 4 bilhões com os bancos estrangeiros.
Técnicos do BC dizem que essa disparidade ocorre porque os bancos estrangeiros, quando querem aplicar em títulos da dívida do governo brasileiro, geralmente o fazem adquirindo papéis da dívida externa, como os C-Bonds. Os papéis da dívida interna, de acordo com eles, interessam mais aos bancos brasileiros.
Os bancos estrangeiros mostram mais interesse em títulos públicos corrigidos pela variação do dólar -possuem cerca de 55% do total de papéis cambiais.


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