São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

González defende economia de mercado

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González Márquez aconselhou ontem o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a não restringir a economia de mercado, porque só ela é "fundamental como solução para criar renda".
González, um dos participantes da Cúpula de Negócios da América Latina, no Rio, disse que a parceria ideal ocorre entre o mercado, onde a renda é produzida, e um bom governo, capaz de dividir essa mesma renda.
"A paixão de Lula em dividir riquezas deve ser acompanhada pela paixão da criação de riqueza, caso contrário se dividirá a miséria", efeito perverso que segundo ele vitimou gabinetes europeus de esquerda nas últimas décadas.
Antes de se pronunciar nesses termos durante uma das sessões plenárias do encontro, González deu entrevista coletiva, na qual disse que suas concepções sobre a inclusão social são compartilhadas por Lula, mas também por FHC. Lembrou em seguida, em termos quase comovidos, que ele e o petista chegaram ao poder com exatos 20 anos de diferença- outubro de 1982 e outubro de 2002.
Disse ter sido muito bom, naquela época, transformar-se em depositário de uma quantidade muito grande de esperanças. E também conviver com o temor dos erros que seus adversários acreditavam que ele iria inevitavelmente cometer. Acredita ser também essa a dualidade que Lula está vivendo.
De forma bem mais geral, o ex-governante disse que crescimento econômico e redistribuição de renda não são apenas compatíveis, mas sobretudo necessários um ao outro.
Não há, afirmou, nenhum exemplo de país que deixou a condição de subdesenvolvido sem que tenham ocorrido, paralelamente, políticas muito agressivas de distribuição mais equitativa das riquezas nacionais.
Citou a própria Espanha. O crescimento econômico, independentemente do ingresso na UE, foi motivado pelo crescimento do mercado interno, com a possibilidade de consumo maior por parte de parcelas que permaneciam marginalizadas.


Texto Anterior: Cúpula: Empresários estão pessimistas, diz pesquisa
Próximo Texto: Panorâmica - Trabalho: Decisão do TST inclui gorjeta no cálculo do 13º
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.