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González defende economia de mercado
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González Márquez
aconselhou ontem o presidente
eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula
da Silva, a não restringir a economia de mercado, porque só ela é
"fundamental como solução para
criar renda".
González, um dos participantes
da Cúpula de Negócios da América Latina, no Rio, disse que a parceria ideal ocorre entre o mercado, onde a renda é produzida, e
um bom governo, capaz de dividir essa mesma renda.
"A paixão de Lula em dividir riquezas deve ser acompanhada pela paixão da criação de riqueza,
caso contrário se dividirá a miséria", efeito perverso que segundo
ele vitimou gabinetes europeus de
esquerda nas últimas décadas.
Antes de se pronunciar nesses
termos durante uma das sessões
plenárias do encontro, González
deu entrevista coletiva, na qual
disse que suas concepções sobre a
inclusão social são compartilhadas por Lula, mas também por
FHC. Lembrou em seguida, em
termos quase comovidos, que ele
e o petista chegaram ao poder
com exatos 20 anos de diferença- outubro de 1982 e outubro
de 2002.
Disse ter sido muito bom, naquela época, transformar-se em
depositário de uma quantidade
muito grande de esperanças. E
também conviver com o temor
dos erros que seus adversários
acreditavam que ele iria inevitavelmente cometer. Acredita ser
também essa a dualidade que Lula está vivendo.
De forma bem mais geral, o ex-governante disse que crescimento
econômico e redistribuição de
renda não são apenas compatíveis, mas sobretudo necessários
um ao outro.
Não há, afirmou, nenhum
exemplo de país que deixou a
condição de subdesenvolvido
sem que tenham ocorrido, paralelamente, políticas muito agressivas de distribuição mais equitativa das riquezas nacionais.
Citou a própria Espanha. O
crescimento econômico, independentemente do ingresso na
UE, foi motivado pelo crescimento do mercado interno, com a
possibilidade de consumo maior
por parte de parcelas que permaneciam marginalizadas.
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