São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2008

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Lula cobra do BB e da Caixa corte de juros

LEANDRA PERES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado em estimular competição com bancos privados e reduzir o custo de empréstimos na hora da crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma dura cobrança aos bancos oficiais pelo aumento nos "spreads" dos financiamentos oferecidos pelo BB (Banco do Brasil) e pela CEF (Caixa Econômica Federal).
Segundo a Folha apurou, Lula pediu ao Ministério da Fazenda um estudo sobre o assunto. A idéia do governo é, mais uma vez, tentar manter a oferta de crédito, essencial para que o crescimento de 2009 chegue a 4%.
"Spread" é o termo técnico que se refere à diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam para captar recursos e aquela que cobram dos clientes. Esse percentual inclui, além do lucro do banco, os impostos, a inadimplência esperada e os custos operacionais.
Na reunião que teve com a equipe econômica e os presidentes dos bancos federais na terça-feira, o presidente quis saber a razão de as instituições oficiais também elevaram seus "spreads" num momento em que o governo quer usar o poder de mercado dos bancos públicos para reduzir os impactos da crise financeira sobre o país.
A resposta dada a Lula pelos presidentes do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, e da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, segundo relatos de participantes da reunião à Folha, foi a seguinte: a crise financeira aumentou o risco das operações de empréstimo e esse efeito foi incorporado à taxa de juros por todas as instituições financeiras.
A discussão sobre a elevação dos "spreads" bancários foi levada para a reunião pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).
Segundo dados oficiais, em dezembro do ano passado a diferença entre a taxa de captação e de empréstimos para pessoas físicas era de 31,9 pontos percentuais, e para pessoas jurídicas, de 11,9 pontos percentuais.
Os dados mais recentes do BC, relativos a setembro, mostram que esse custo subiu para 38,6 pontos percentuais no caso das pessoas físicas e para 14,7 pontos percentuais nos financiamentos destinados a empresas.
Parte desse aumento é explicado por medidas tomadas pelo próprio governo.
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), por exemplo, subiu de 1,5% para 3,38% no início do ano para que o governo pudesse compensar parte da perda de receitas com a CPMF, extinta pelo Congresso.
Neste ano, o BC também elevou a taxa básica de juros de 11,25% ao ano para 13,75% ao ano.
Apesar disso, o governo avalia que nem todo o aumento no "spread" é explicado por esses movimentos. Por isso, o presidente Lula determinou que a Fazenda faça mais estudos para entender o que acontece no mercado de crédito.
Essa não é a primeira vez que o governo tenta agir para reduzir os "spreads" bancários. Em julho de 2006, o presidente também se reuniu com os titulares dos bancos oficiais, e uma das decisões da reunião foi a de que o governo usaria as instituições federais para forçar um movimento de redução de "spread" no setor privado.


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