São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Alpargatas lança tênis com cara de sandálias Havaianas

Depois de variar modelos e cores de suas famosas sandálias de borracha, as Havaianas radicalizam e vão virar tênis.
A Alpargatas, fabricante da marca, pretende lançar os modelos "dedos fechados", como vêm sendo chamados internamente, já no primeiro trimestre de 2010.
A estreia será na Europa, onde a marca está presente com operação própria em cinco países. No Brasil, só em julho, quando o inverno chegar.
O calçado, que ainda está em fase de testes e não tem nome oficial, mantém a identidade das Havaianas, segundo Márcio Utsch, presidente da Alpargatas. Trata-se de um tênis de lona produzida pela companhia.
Foi mantido muito das "legítimas": as tão alardeadas tiras "que não soltam", a sola de borracha, com direito aos clássicos três furos, e o relevo lateral.
Tudo para dar a sensação de pisar nos chinelos da marca, pelos quais os europeus chegam a desembolsar até 30. O preço do novo tênis ainda é segredo de Estado na companhia.
O projeto faz parte do conceito de inovação que, segundo Utsch, é a melhor ferramenta para enfrentar a agressiva concorrência chinesa no setor.
"Se podemos criar um diferencial, dá para sair da luta por preços, que é sempre nefasta. É com valor agregado ao produto, investimento em conceito, marketing e pesquisa que se combate. A indústria de cópia é rápida e pula essas fases."
A empresa investe todos os anos em pesquisa e desenvolvimento de 3% a 4% de seu faturamento, que foi de R$ 2,4 bilhões em 2008.
O Brasil, que há dez anos era líder no setor, perdeu o posto para os chineses, que têm hoje 65% do mercado mundial.
Para tentar deter esse avanço, o governo brasileiro tem adotado medidas antidumping, apoiadas por fabricantes nacionais. Utsch, porém, discorda.
"Não adianta fazer política de proteção para conter a China. O câmbio também não é o problema. Precisamos é de políticas para incentivar a indústria brasileira."


"Se podemos criar um diferencial, dá para sair da luta por preços, que é sempre nefasta. É com valor agregado ao produto, investimento em conceito, marketing e pesquisa que se combate [o avanço chinês]. A indústria de cópia é rápida e pula essas fases"
MÁRCIO UTSCH
diretor-presidente da Alpargatas



MISSÃO ÁRABE 1
Representantes de 27 escritórios de arquitetura brasileiros viajarão nesta semana a Dubai e a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em missão comercial organizada pela Apex-Brasil (agência para exportação) e pela Asbea, que reúne escritórios. Terão um estande na feira Big 5, principal evento do setor no mundo árabe, para negociar com empresários dos emirados, da Inglaterra, de Portugal e da Itália.

MISSÃO ÁRABE 2
Participarão da Big 5 também 26 empresas brasileiras de casa e construção, como cerâmicas, metais sanitários e rochas ornamentais. Um estudo da Apex-Brasil identificou oportunidades em todos os países do Conselho de Cooperação do Golfo. Na Arábia Saudita, o valor dos contratos de construção cresceu 230% nos primeiros seis meses deste ano.

MISSÃO ÁFRICA
Um grupo de executivos reúne-se na África do Sul com ministros e governadores a fim de negociar contratos para a construção de casas e vilas. A BS Construtora vai avaliar a viabilidade de instalação de uma fábrica naquele país. Se for concretizado, o projeto poderá ser levado também para Gana e Angola. A empresa atua na construção de "casas rápidas", projetos para entregar residências a clientes em menos de 24 horas.

ESCADA ACIMA

Semana sim, semana não, o mercado tem uma cabeça diferente nos EUA. Ora prevalece a ideia do "agora vai", ora o pessimismo domina investidores preocupados com a sustentabilidade da retomada da economia americana.
Para Marcelo Salomon, que assumiu recentemente o cargo de economista-chefe do Barclays Capital, há sinais de que o mercado estará mais robusto em alguns meses.
Salomon, na contramão de muitos analistas, projeta crescimento dos EUA de 4% no último trimestre deste ano e de 5% no primeiro de 2010.
"A recomposição de estoques fará com que a retomada americana seja forte."
O banco vê um cenário em que investimento cresce, passando pela recomposição de estoques. A retomada será cíclica, segundo Salomon. Com a queima de estoques, a indústria volta a produzir, há retomada de investimento. No terceiro trimestre deste ano, a construção de novas casas subiu à taxa anualizada de 23% e continua subindo.
Com a recomposição de estoques, a construção de novas residências, e o governo dos EUA continuando a gastar, não será necessário um grande consumo para a retomada da economia. O emprego, sabe-se, vem por último.
O BC americano deve começar a retirar estímulos. "Juros futuros sobem e o Fomc (comitê de política monetária americana) deve elevar juros no terceiro trimestre de 2010", diz Salomon.
Como consequência, o dólar deverá, então, parar de cair e começar a se valorizar. Para a virada do ano, a projeção do banco é que o câmbio fique em R$ 1,65.
O que pode fazer degringolar esse cenário benigno é se o Fed (o BC dos EUA) tiver de elevar juros por outra razão.
"O que pode dar errado é os juros subirem, não pela retomada da economia, mas se a expectativa de inflação crescer descontroladamente lá."

com JOANA CUNHA

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