São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 2002

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INTERNET

Dirigentes de três companhias encaminharam documento à Anatel solicitando mudança na tarifação do setor

Teles condenam disputa e pedem nova regra

DA SUCURSAL DO RIO

Oficialmente, as companhias telefônicas condenam o uso do acesso gratuito à internet como instrumento de disputa de receita de telefonia. Em agosto, os dirigentes das três empresas enviaram ao presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, uma carta dizendo que os 1.219 provedores de acesso pago à internet existentes no Brasil estão "fadados a desaparecer" se as distorções no cálculo de tarifação do uso das redes de telecomunicações persistirem.
O documento diz que "as distorções são de tal gravidade que impedem e aniquilam qualquer esforço para que se amplie o alcance e a utilização da internet pela população brasileira".
A carta foi assinada por Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telefônica, por José Fernandes Pauletti, presidente da Telemar, e por Manuel Ribeiro Filho, superintendente da Brasil Telecom. O presidente da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso à Internet), Roque Abdo, também subscreveu a carta.
O texto traz explicações técnicas para o mecanismo batizado pelas empresas de "sumidouro de tráfego", que estaria por trás da nova onda de lançamento dos provedores de acesso gratuito.
Em recente entrevista à Folha, o vice-presidente de estratégia corporativa e regulatória da Telefônica, Eduardo Navarro, deu um exemplo de como ele funciona.
Se uma pessoa usar a internet por uma hora todas as madrugadas e duas horas durante o final de semana, ela vai pagar R$ 2,70 à empresa de telefonia, no final do mês, por 38 horas de conexão -porque nesses dias e horários há desconto, isto é, cada ligação, não importa quanto ela dure, é cobrada como um único pulso (em dias e horários normais, um pulso tem quatro minutos).
Se o provedor de internet desse usuário estiver numa rede concorrente, a companhia telefônica pagará R$ 51 pelo tráfego gerado por aquele internauta, porque conexão entre as redes é faturada por minuto. Segundo Navarro, a Telemar, Telefônica e Brasil Telecom podem perder R$ 1,3 bilhão de receita por ano nessa competição. Por isso, as três empresas defendem oficialmente a mudança das regras.
A Telemar diz que mantém a posição que foi manifestada ao presidente da Anatel e que assinou o contrato com o iG dentro do modelo de competição imaginado na época. Segundo a empresa, o contrato pode ser repactuado em caso de mudança no regulamento de acesso à internet.
Embora condenem o uso do acesso gratuito à internet como instrumento de disputa de receita de telefonia, as concessionárias estão preparadas para defender seus mercados -a Telemar com iG, a Brasil Telecom com iBest e a Telefônica com o i-Telefônica.
O contrato do iG com a Telefônica termina no final do mês. Se a Telemar montar rede para receber as ligações para o iG em São Paulo, a guerra estará iniciada.


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