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AGRICULTURA
Brasil tem 3 milhões dos 67,5 milhões de hectares plantados no mundo, aponta estudo de universidade americana
País é o quarto maior em produção de transgênicos
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de transgênicos
em termos de área plantada e o
quinto em valor de mercado,
mostrou um estudo divulgado na
última semana pela Universidade
de Minnesota, nos EUA. Juntos,
os cinco principais produtores
respondem por 98% do total
mundial.
Segundo o relatório "The Global Diffusion of Plant Biotechnology: International Adoption and
Research in 2004" (A difusão global da biotecnologia agrícola:
adoção internacional e pesquisa
em 2004), a soja geneticamente
modificada produzida no país durante o biênio 2003-2004 representa US$ 1,6 bilhão dos US$ 44
bilhões em transgênicos gerados
no mundo nesse período.
Além disso, ficam no Brasil 3
milhões dos 67,5 milhões de hectares plantados com sementes geneticamente modificadas (para
efeito de comparação, nos EUA
há 42,8 milhões de hectares; na
Argentina, 14,2 milhões).
O relatório, no entanto, considera a possibilidade de haver distorções no que diz respeito aos
dados sobre a soja transgênica
brasileira, devido à falta de transparência motivada pela oposição
da União Européia a alimentos
transgênicos.
"O Brasil tem a segunda maior
plantação de soja transgênica,
mas devido a uma baixa taxa oficial de adoção do produto, ela representa apenas US$ 1,6 bilhão
em valor de mercado. Alguns relatórios sugerem que a verdadeira
proporção de soja transgênica no
país em relação ao total seja de
30%, o que significaria um valor
de mercado mais do que duas vezes maior", afirma o texto. "Comercialmente, apenas as sementes que toleram herbicidas produzidas pela Monsanto foram aprovadas no Brasil, mas 27 estudos de
campo com outras plantações foram conduzidos no país."
Pesquisa disseminada
Embora a produção ainda esteja
concentrada nesses cinco países,
diz o estudo, pesquisas sobre os
transgênicos estão sendo conduzidas em 63 países.
"Menos de uma década após a
primeira comercialização [de
transgênicos], a adoção internacional e a difusão de plantações
biotecnológicas se globalizou, sobretudo em países em desenvolvimento.
Embora muita da atenção da
imprensa estrangeira tenha enfocado a oposição à biotecnologia,
principalmente na Europa, houve
um aumento na adoção e na difusão dessas plantações, além de aumento das pesquisas em partes do
mundo como a Ásia, a América
Latina e algumas regiões da África", diz o relatório organizado por
C. Ford Runge.
As três regiões são apontadas
como aquelas que devem passar
pelo maior avanço na produção
de transgênicos. Nos países desenvolvidos, diz o documento, a
produção de alimentos geneticamente modificados deve aumentar em até 2% o PIB (Produto Interno Bruto) até 2015.
"Na América Latina e no Caribe,
o processo de adoção foi liderado
pela Argentina, mas o Brasil deve
rapidamente emergir também como líder. O Chile tem um potencial importante, e a Colômbia acaba de adotar o algodão transgênico. O México também tem um setor comercial e cientifico ativos
nessa área", diz o texto. "Prevemos que as possibilidades comerciais e científicas da biotecnologia
agrícola continuem a se expandir
na próxima década."
Segundo os dados compilados
no relatório -a partir de informações vindas dos governos e da
FAO (braço agrícola da ONU)-,
os países que lideraram a colheita
de transgênicos no biênio foram
os EUA (US$ 27,5 bilhões), a Argentina (US$ 8,9 bilhões), a China
(US$ 3,9 bilhões), o Canadá (US$
2 bilhões) e o Brasil (US$ 1,6 bilhão).
Os produtos mais plantados
-que respondem por quase toda
a produção- foram soja, algodão, milho e canola.
O relatório cita ainda um estudo
promovido pelo Burô de Agricultura da Austrália para prever que
em 2015 a receita da produção de
transgênicos chegará a US$ 254
bilhões caso os países europeus
que vetam a importação de transgênicos relaxem suas medidas.
Em um cenário onde isso não
ocorre, o ganho seria limitado a
US$ 87 bilhões.
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