São Paulo, quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

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AGRICULTURA

Brasil tem 3 milhões dos 67,5 milhões de hectares plantados no mundo, aponta estudo de universidade americana

País é o quarto maior em produção de transgênicos

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de transgênicos em termos de área plantada e o quinto em valor de mercado, mostrou um estudo divulgado na última semana pela Universidade de Minnesota, nos EUA. Juntos, os cinco principais produtores respondem por 98% do total mundial.
Segundo o relatório "The Global Diffusion of Plant Biotechnology: International Adoption and Research in 2004" (A difusão global da biotecnologia agrícola: adoção internacional e pesquisa em 2004), a soja geneticamente modificada produzida no país durante o biênio 2003-2004 representa US$ 1,6 bilhão dos US$ 44 bilhões em transgênicos gerados no mundo nesse período.
Além disso, ficam no Brasil 3 milhões dos 67,5 milhões de hectares plantados com sementes geneticamente modificadas (para efeito de comparação, nos EUA há 42,8 milhões de hectares; na Argentina, 14,2 milhões).
O relatório, no entanto, considera a possibilidade de haver distorções no que diz respeito aos dados sobre a soja transgênica brasileira, devido à falta de transparência motivada pela oposição da União Européia a alimentos transgênicos.
"O Brasil tem a segunda maior plantação de soja transgênica, mas devido a uma baixa taxa oficial de adoção do produto, ela representa apenas US$ 1,6 bilhão em valor de mercado. Alguns relatórios sugerem que a verdadeira proporção de soja transgênica no país em relação ao total seja de 30%, o que significaria um valor de mercado mais do que duas vezes maior", afirma o texto. "Comercialmente, apenas as sementes que toleram herbicidas produzidas pela Monsanto foram aprovadas no Brasil, mas 27 estudos de campo com outras plantações foram conduzidos no país."

Pesquisa disseminada
Embora a produção ainda esteja concentrada nesses cinco países, diz o estudo, pesquisas sobre os transgênicos estão sendo conduzidas em 63 países.
"Menos de uma década após a primeira comercialização [de transgênicos], a adoção internacional e a difusão de plantações biotecnológicas se globalizou, sobretudo em países em desenvolvimento.
Embora muita da atenção da imprensa estrangeira tenha enfocado a oposição à biotecnologia, principalmente na Europa, houve um aumento na adoção e na difusão dessas plantações, além de aumento das pesquisas em partes do mundo como a Ásia, a América Latina e algumas regiões da África", diz o relatório organizado por C. Ford Runge.
As três regiões são apontadas como aquelas que devem passar pelo maior avanço na produção de transgênicos. Nos países desenvolvidos, diz o documento, a produção de alimentos geneticamente modificados deve aumentar em até 2% o PIB (Produto Interno Bruto) até 2015.
"Na América Latina e no Caribe, o processo de adoção foi liderado pela Argentina, mas o Brasil deve rapidamente emergir também como líder. O Chile tem um potencial importante, e a Colômbia acaba de adotar o algodão transgênico. O México também tem um setor comercial e cientifico ativos nessa área", diz o texto. "Prevemos que as possibilidades comerciais e científicas da biotecnologia agrícola continuem a se expandir na próxima década."
Segundo os dados compilados no relatório -a partir de informações vindas dos governos e da FAO (braço agrícola da ONU)-, os países que lideraram a colheita de transgênicos no biênio foram os EUA (US$ 27,5 bilhões), a Argentina (US$ 8,9 bilhões), a China (US$ 3,9 bilhões), o Canadá (US$ 2 bilhões) e o Brasil (US$ 1,6 bilhão).
Os produtos mais plantados -que respondem por quase toda a produção- foram soja, algodão, milho e canola.
O relatório cita ainda um estudo promovido pelo Burô de Agricultura da Austrália para prever que em 2015 a receita da produção de transgênicos chegará a US$ 254 bilhões caso os países europeus que vetam a importação de transgênicos relaxem suas medidas. Em um cenário onde isso não ocorre, o ganho seria limitado a US$ 87 bilhões.

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