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Arrecadação cresce 11% no ano e volta a bater recordes
Para especialistas, aquecimento da economia resulta em mais pagamento de tributos
Resultado de novembro foi impulsionado pela cobrança sobre operações na abertura de capital da Bovespa e sobre as importações
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O penúltimo balanço da arrecadação federal antes do fim da
CPMF voltou a mostrar valores
recordes: a Receita Federal obteve R$ 52,4 bilhões em novembro -19,82% a mais que
em novembro de 2006. Neste
ano, foram arrecadados R$
545,38 bilhões, um crescimento de 11,03% na comparação
com o período de janeiro a novembro do ano passado.
Em valores corrigidos pela
inflação, houve R$ 54,16 bilhões a mais nos cofres do governo nestes 11 meses em relação ao mesmo intervalo de
2006. Em 2007, porém, o valor
arrecadado ainda está abaixo
dos R$ 618,3 bilhões previstos
no Orçamento para o ano todo.
A surpresa de novembro ficou por conta da abertura de
capital da Bolsa de Valores de
São Paulo. A atuação de bancos,
corretoras, empresas e pessoas
físicas no lançamento de ações
da Bovespa resultou em R$ 1,97
bilhão a mais para o governo.
Para chegar ao número, a Receita Federal levou em conta o
Imposto de Renda de pessoas
físicas e jurídicas em operações
específicas, como o ganho líquido em Bolsa -quando alguém
compra uma ação por um preço
e vende por um valor maior,
por exemplo. Depois, subtraiu
o quanto foi arrecadado com os
mesmos tributos e contribuições em novembro de 2006.
No acumulado do ano, ultrapassa R$ 3,6 bilhões a arrecadação de IR e CSLL (Contribuição
Sobre o Lucro Líquido) de empresas relacionados ao universo da Bolsa de Valores, como a
compra e venda de ações.
Outro fator importante para
o recorde de arrecadação no
mês passado foi o Imposto de
Importação, que subiu 18,9%, e
o IPI vinculado às compras do
exterior. Em novembro, as importações cresceram 35,66%
em valor, diante da boa perspectiva de vendas no mercado
interno no final do ano. A necessidade da indústria de expandir sua capacidade instalada também pesou na importação de bens de capital e máquinas, por exemplo.
Para especialistas ouvidos
pela Folha, os dados refletem o
bom momento da economia
brasileira e o esforço operacional de empresas privadas diante de novos métodos de controle adotados pela Receita.
"Os resultados confirmam a
visão de alguns analistas de que
é possível substituir o torniquete fiscal por um cenário em
que a trajetória de controle fiscal passa a ser baseada em crescimento econômico", analisou
o economista José Cezar Castanhar, da Fundação Getulio
Vargas, do Rio de Janeiro.
Entre os setores da economia, a metalurgia apresentou
elevação de 42,92% no pagamento de tributos de janeiro a
novembro deste ano -cresceu
de R$ 8,8 bilhões para R$ 12,58
bilhões a arrecadação.
A fabricação de automóveis,
aquecida pelo consumo interno, também teve alta significativa, de 27,53% em tributos recolhidos pelo fisco. Excluído
dezembro, as montadoras pagaram R$ 15,85 bilhões em
2006 e R$ 20,22 bilhões até o
fim de novembro deste ano.
Mordida do leão
Para o advogado tributarista
Mário Luiz de Oliveira Costa, o
valor recorde de arrecadação
federal também indica maior
atenção das empresas à rigidez
do fisco. Em outras palavras,
medo de multas salgadas, que
podem chegar a 75% do valor
do tributo devido pela companhia. "A Receita dispõe hoje de
mecanismos de controle de faturamento e de operação. Os
sistemas estão de tal modo integrados que é possível cruzar
dados e ter uma apuração dos
tributos devidos mais eficaz."
Segundo o coordenador-geral de Previsão e Análise da Receita, Raimundo Elói de Carvalho, houve alta de 37% na arrecadação de multas e juros, cobrança e outras medidas administrativas até novembro ante o
mesmo período de 2006.
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