São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Índice

Com alta do dólar, ceia de Natal fica 11,7% mais cara neste ano

Custo de cesta com 13 itens típicos desta época saltou para R$ 157,04 em SP

Raquel Guedes - 12.dez.05/Folha Imagem
Com alta do dólar, ceia fica mais salgada

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionada pela alta do dólar, a ceia natalina está mais salgada neste ano. Em média, subiu 11,7%, segundo levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) feito a pedido da Folha. O custo de uma cesta de 13 itens saltou de R$ 140,54 em dezembro de 2007 para R$ 157,04 neste mês nos supermercados de São Paulo.
Acompanhamento do bacalhau e de outros pratos típicos dessa época, o arroz teve a maior alta (42,9%), seguido pelas nozes (37,2%), o panetone (17,1%) e o tender (16%).
Mais famoso prato natalino, o bacalhau subiu 13,4%, em média, sendo que os tipos mais baratos foram justamente aqueles que mais subiram de preço. O zarbo, um dos mais consumidos e com preço acessível, subiu 28,69%. Já o bacalhau do porto, o mais caro de todos, subiu apenas 1,77%.
Já o preço da batata, que serve de guarnição, caiu 32,4%. A cebola teve queda de 0,7%.
Entre as carnes mais nobres, a opção que variou menos foi o lombo: 0,6%. Já a de menor preço é o frangão (tipo chester): R$ 8,75 o quilo, com alta de 6,7% ante dezembro de 2007. A alternativa mais cara é mesmo o bacalhau: R$ 29,87 o quilo, em média.
Segundo André Braz, da FGV, os aumentos dos itens natalinos estão até moderados diante da forte alta do dólar, que tem impacto nos importados como o bacalhau. "Eles subiram, mas não acompanharam nem de longe a variação da moeda americana."
Um dos motivos, diz, é a redução dos preços das commodities, que compensa, em parte, a apreciação do dólar. Outros, avalia, são o cenário de desaquecimento da economia e o maior nível de concorrência.
Tal cenário assegurou que os itens da ceia de Natal subissem na mesma magnitude da alta média dos alimentos -11,34% no período.
Além disso, de acordo com Braz, muitos importadores já tinham feito estoques elevados. Desse modo, os produtos foram vendidos com preços antigos.
É o caso do azeite, cujo preço caiu 21,2% ante dezembro de 2007. O vinho também variou pouco: só 0,8%.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a crise atual traz uma novidade: o câmbio já não mostra os mesmos impactos sobre a inflação, que, no caso dos importados, era praticamente imediata. Uma importante "âncora" agora, diz, é a queda das commodities. Ainda assim, o preço do panetone, por exemplo, subiu a despeito da retração do trigo.
Para Fábio Romão, economista da LCA, os aumentos vinculados ao dólar são exceção. "É bem verdade que um ou outro produto pode estar respondendo à pressão cambial. Mas este movimento, de modo algum, tem preponderado."
Braz, da FGV, também afirma que o contágio do dólar é menos intenso atualmente, mas acredita que possa se intensificar nos próximos meses.


Texto Anterior: Pacote de janeiro eleva em R$ 6 bi os investimentos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.